Com a correção do preço mínimo do algodão prestes a ser anunciada, o governo acredita que encerrou a onda de reajustes desta recém-iniciada safra 2013/14. Até agora, foram aprovados aumentos dos preços mínimos de produtos importantes como milho, arroz, feijão, leite e cacau, além do próprio algodão.
O governo deve confirmar hoje o reajuste do algodão. A reportagem apurou que o valor deve passar de R$ 44,60 para R$ 50,58 a arroba, mas que ainda poderá haver pequenas variações. O preço mínimo do produto não era revisto desde 2003.
Durante as negociações com o Ministério da Fazenda, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sugeriu que o novo preço mínimo fosse superior, de até R$ 54,90 por arroba, valor que superaria os custos de produção e teria como função estimular o plantio da pluma. Mas essa ideia não foi bem recebida pela Fazenda, que alegou riscos à inflação caso o preço suba com mais força.
A inflação tem sido usada como ferramenta para reduzir o ímpeto dos reajustes dados pelo governo. Situação semelhante foi observada no café. Para evitar uma "ginástica" do governo no mercado, o preço mínimo foi fixado em R$ 307 reais, quando o segmento pedia R$ 340. Além disso, o governo optou por lançar leilões de contratos de opção de venda para 3 milhões de sacas de 60 quilos, a R$ 343 a saca, também abaixo das expectativas.
Depois de quase dois meses de pressão sobre o Ministério da Agricultura com a saca negociada por cerca de R$ 280, a cadeia cafeeira esperava que o governo autorizasse leilões de opções de fato para 3 milhões de sacas, mas a pelo menos R$ 350 cada uma, já que o pedido era de R$ 360.
A única exceção a essa regra foi observada para os produtos básicos como arroz e feijão. O governo viu a oportunidade de dar um reajuste maior, incentivando o plantio na expectativa que o preço caia e traga alívio à inflação. Nesses casos, a alta foi mais forte.
O reajuste do feijão, alimento básico que vem registrando fortes valorizações no varejo, foi dividido em categorias. Para o tipo cores, o preço mínimo subiu 28,1%, de R$ 74,16 para R$ 95 a saca de 60 quilos. Para o tipo preto, a alta foi de 41,6% de R$ 74,16 para R$ 105 a saca. E para o tipo caupi o incremento alcança 9,9%, de R$ 54,59 para R$ 60.
O preço mínimo do arroz não foi reajustado no Sul, principal região produtora do país, mas subiu 6,6% no Sudeste, no Nordeste e no Centro-Oeste (exceto em Mato Grosso), de R$ 30,96 para R$ 33 a saca de 60 quilos. Em Mato Grosso e na região Norte, o valor aumentou 12,9%, de R$ 28,23 para R$ 31,86. Os preços mínimos do leite também não tiveram uma correção uniforme. Na região Norte e em Mato Grosso, a alta foi de 11,1%; no Sul e no Sudeste, de 9,8%; no Centro-Oeste, de 10,2%; e no Nordeste, de 11,3%.
Veículo: Valor Econômico