Apesar das vendas de final de ano, e da primeira quinzena deste mês, terem ficado um pouco aquém do esperado pelo comércio varejista, algumas companhias afirmam que alcançaram crescimento satisfatório no resultado de 2008. A rede catarinense Berlanda, especializada na vendas de eletrodomésticos, eletrônicos e móveis, alcançou a metade do crescimento previsto nas vendas de dezembro, mas ainda assim fechou o ano com incremento de 20%, ante 2007, com faturamento de R$ 190 milhões.
Segundo Nilso Berlanda, presidente da rede, formada por 105 pontos-de-venda distribuídos entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, apesar do cenário de incertezas, a empresa espera a mesma taxa de crescimento este ano. "Em novembro, nossas vendas já foram 10% inferiores na comparação com o mês anterior em virtude da situação econômica internacional, sendo que até outubro o ritmo de crescimento era de 20% ao mês. Em dezembro, esperávamos que os resultados fossem melhores, entretanto, elas ficaram no mesmo patamar de crescimento", contou Berlanda.
Porém, o executivo da rede de "eletromóveis" mantém seu otimismo perante o cenário econômico brasileiro, mas diz que desengatará o plano de expansão somente após o término do primeiro trimestre. "Não vamos tirar o pé do acelerador. Planejamos abrir 20 unidades com investimento médio de R$ 15 milhões."
O arrefecimento nas vendas da Berlanda reflete-se nos números apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo análise do instituto, o varejo retraiu em novembro 0,7% ante outubro, mas na comparação com novembro de 2007, a alta de 5,1% foi a menor desde julho de 2005 - e a menor para este mês, desde 2004.
Também no Magazine Luiza, presente em oito estados, as vendas de novembro sofreram queda. Antes, os indicadores apontavam alta média de 15% ao mês, mas a redução de crédito para a compra e a maior cautela do consumidor levaram os índices a atingir crescimento de no máximo 4% durante os meses de novembro e dezembro.
Na avaliação de Luiz Góes, diretor de Inteligência de Mercado da Gouvêa de Souza & MD, consultoria especializada em varejo, o mais importante é que o setor progrediu em relação ao ano passado. "A expectativa é que no mês de dezembro ocorra uma recuperação, devido às vendas natalinas, que tradicionalmente aquecem as vendas no varejo", disse.
No acumulado do ano (janeiro a novembro), a atividade varejista registra expansão acumulada de 9,8% na comparação anual. As projeções apontam que 2008 terá crescimento de até 9% frente a 2007. O diretor endossa que este é um número positivo, quase o dobro do provável fechamento do Produto Interno Bruto (PIB).
Crédito
Segundo o IBGE, a redução da oferta de crédito com a crise internacional foi o principal motivo apontado para a desaceleração nos dados do varejo. "As atividades mais sensíveis ao crédito foram as mais atingidas, enquanto as vinculadas à renda mantiveram resultados positivos", afirma Nilo Lopes, técnico da coordenação de comércio e serviços. Das sete atividades pesquisadas na pesquisa de comércio varejista, cinco mostraram forte desaceleração nos resultados de outubro para novembro, na comparação com igual mês de ano anterior.
As vendas de móveis e eletroeletrônicos cresceram apenas 4,5% na comparação anual, contra 15,7% em outubro. O setor de materiais para escritório, informática e comunicação (que inclui computadores e telefones celulares) apresentou uma expansão de 20,8% no mês, menos da metade dos 42,8% de outubro. No item "outros artigos de uso pessoal e doméstico", a alta foi de 6,5%, também um forte declínio em relação aos 12,1% de outubro.
Levantamento preliminar da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostra que 2009 começou com queda nas vendas do varejo de 2,7% na comparação com o igual período do ano passado. No caso das vendas à vista, a retração foi 6,2%. A inadimplência cresceu 12,8% o volume de novos registros na primeira quinzena, afirmou a entidade.
Apesar de vendas menores no final do ano e na primeira quinzena do mês, o varejo ainda mantém metas de crescimento.
Veículo: DCI