Só futebol já não garante o faturamento

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O futebol está, e sempre estará, na primeira divisão de calçados esportivos. Mas sozinha essa grande paixão mundial já não garante vitória para as fabricantes do setor. Com a mira em um público mais amplo e disposto a usar tênis como item de moda, duas marcas tradicionais de chuteiras partiram para o ataque em outros campos. 

 

A Penalty, do grupo Cambuci, e a Topper, da Alpargatas, estão ampliando suas linhas para outros esportes e investindo em desenhos que formem um time mais entrosado com a roupa do dia a dia. 

 

A Penalty partiu para essa estratégia em 2007 e desde então lançou tênis e acessórios para corrida, basquete, vôlei e handebol. Os calçados para futebol, que antes representam 80% do volume de negócios, reduziram sua participação para 60%, conta o presidente da empresa, Roberto Estefano. 

 

A diversificação com calçados, segundo ele, foi responsável pelo impulso nas vendas em 2008. Nos primeiros nove meses do ano passado, a Cambuci teve receita líquida de R$ 146,5 milhões, 40% a mais do que no mesmo intervalo de 2007. O forte aumento levou a um lucro de R$ 1,1 milhão entre julho e setembro de 2008, um dos poucos resultados trimestrais positivos no histórico de balanços da companhia. A Penalty responde por 90% da receita e, além de calçados e acessórios, produz bolas. 

 

Depois de setembro, por causa da crise financeira, Estefano diz que o ritmo das vendas caiu, mas o crescimento da Penalty ainda deve ficar acima de 30%. "O futebol dá força a nossa marca, mas calçados para outros esportes atraem um público maior, que compra tênis para uso diário", diz Estefano. 

 

Na semana passada, foi a vez da Topper anunciar mudanças. A marca no Brasil se uniu à Topper da Argentina e montou uma linha de produtos conjunta - a fusão ocorre depois que a Alpargatas nacional recebeu autorização para comprar a Alpargatas na Argentina, em outubro passado. 

 

Em território brasileiro, a Topper, que é muito associada ao futebol e à clientela masculina, vai estampar uma linha de calçados de corrida, tênis, basquete e vôlei, para homens e mulheres. Os calçados também ganharam contornos mais "casuais", em linha com os produtos argentinos, diz Fernando Beer, diretor de artigos esportivos da Alpargatas. 

 

Segundo o executivo, o objetivo é fazer da Topper uma marca esportiva mais internacional, nos mesmos moldes do que a Alpargatas fez com a marca de chinelos Havaianas nos Estados Unidos e Europa. Para a Topper, os mercados prioritários para expansão são, além de Brasil e Argentina, Chile e Japão. A companhia não divulga o investimento no projeto, mas diz que em 2009 ele será 50% maior do que foi em 2008. A Alpargatas também é dona de marcas esportivas como Rainha e Mizuno. 

 

Para o consultor de marcas Edson Daguano, o estilo esportivo foi adotado por quem consome moda e, com esse público, as empresas de artigos para esporte puderam ampliar seus mercados - ele lembra que a pioneira nesse movimento foi a alemã Adidas, quando se uniu ao estilista japonês Yohji Yamamoto. "Moda também agrega valor ao produto, vira um desejo, mesmo quando a empresa entra no mercado de produtos para classes C e D", diz Daguano. 

 

Produtos mais baratos voltados para as classes C, D e E também estão no foco da Topper e da Penalty. Estefano conta que a Cambuci pretende expandir a marca Stadium, cuja chuteira mais barata custa R$ 49. "Em 2008, a Stadium já cresceu 300%", diz. A Topper vai ter tênis ao preço de R$ 39. "A marca vai ser as Havaianas do setor esportivo", afirma Márcio Utsch, diretor presidente da Alpargatas. 

 

Veículo: Valor Econômico


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