O comércio varejista sentiu mais fortemente o impacto da crise no mês de novembro. De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada na última sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), as vendas no varejo brasileiro apresentaram queda de 0,7% em novembro frente a outubro. A receita nominal também apresentou números negativos, registrando retração de 0,4% em igual intervalo de comparação.
Os dados apontam uma inversão de tendência no setor, iniciada em outubro, quando o varejo apresentou queda de 0,9% no volume de vendas, em relação a setembro, e redução de 0,4% na receita nominal, em igual intervalo. Em novembro de 2008, em relação ao mesmo mês do ano anterior, o volume de venda cresceu 5,1% e a receita avançou 12%. Entretanto, segundo o IBGE, estes dados, apesar de positivos, evidenciam uma desaceleração do ritmo de crescimento do varejo, nas comparações com entre os mesmos meses de 2008 e 2007.
Pagando a conta
De acordo com Nilo Lopes de Macedo, analista do IBGE, os setores mais ligados a crédito "estão pagando a conta da desaceleração da atividade comercial, estão caindo mais, tanto no indicador relativo ao mês anterior, como na comparação com o mesmo mês do ano passado". Entretanto, Macedo lembra que mesmo com quedas fortes, o comércio "ainda acumula no ano taxas bastante expressivas de crescimento, que é um sinal de que o setor ficou bem aquecido em 2008".
No acumulado do ano o comércio auferiu aumento de 15,9% e nos últimos 12 meses avançou 15,6% na receita nominal de vendas. O volume de vendas cresceu 9,8% para ambos os períodos. O indicador relativo ao comércio varejista ampliado (que inclui o segmento de veículos e material de construção), as quedas em novembro ante outubro ficaram em 3,4% para o volume de vendas e de 3,1% para a receita nominal, já considerando ajuste sazonal. As quedas neste indicador, pelo segundo mês consecutivo, superaram as registradas no comércio varejista, principalmente por incluir "expressiva retração das vendas de veículos", aponta o IBGE.
Impacto generalizado
Cinco das oito atividades que compõe o índice do varejo apresentaram resultados negativos, na comparação entre os meses de novembro e outubro do ano passado. As retrações mais expressivas foram auferidos em equipamentos de escritório, informática e comunicação, com queda de 9,8%, seguido por tecidos, vestuário e calçados, com recuo de 5,5%, e por móveis e eletrodomésticos, que apresentaram declínio de 3,3%.
Os resultados positivos ficaram com artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com avanço de 1,6%, livros, jornais, revistas e papelaria, com aumento de 1,3%, e hipermercados e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com alta de 0,7%.
As duas outras atividades, que formam o varejo ampliado, registraram resultados negativos sobre outubro: -7,0% para veículos e motos, e -1,4% para material de construção.
Veículo: Gazeta Mercantil