Tendência é que a produção aumente.
A queda na produção de algodão no país, inclusive em Minas Gerais, e a demanda pela pluma em alta estão alavancando os preços pagos pelo produto. Com os valores lucrativos a tendência é que a produção na próxima safra seja ampliada no Estado. O índice de rentabilidade gerado pelas negociações envolvendo a pluma estão em torno de 40%.
De acordo com o coordenador técnico regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Reinaldo Nunes de Oliveira, o cenário atual para o algodão é favorável e a tendência é de manutenção do mercado firme.
"Os preços baixos pagos pela pluma de algodão ao longo do segundo semestre de 2012 desestimularam o plantio da safra atual, o que aliado às perdas promovidas pelo clima e à infestação da cultura pela lagarta helicoverpa, limitou ainda mais a oferta da pluma no mercado interno, o que vem sustentando os preços", disse Oliveira.
A produção de pluma de algodão em Minas Gerais, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve encerrar a safra atual com um volume de 26,5 mil de toneladas, queda de 36,6% sobre os 41,8 mil de toneladas de plumas produzidas na safra anterior.
A produtividade também será menor, com queda de 6,2%, e rendimento médio de 1,3 tonelada por hectare, frente a produtividade de 1,4 tonelada por hectare registrada na safra anterior. A área cultivada com o algodão em Minas Gerais foi reduzida em 32,4% totalizando 20 mil hectares. No período produtivo passado o espaço dedicado à cultura era de 29,6 mil hectares.
De acordo com dados da Conab, em Minas Gerais, as lavouras se desenvolveram bem, embora algumas áreas tenham sofrido com a estiagem e altas temperaturas registradas em dezembro e fevereiro, principalmente nas regiões Norte e Noroeste. O período atual é de encerramento da colheita.
Segundo Oliveira, com a menor oferta os preços pagos pela arroba de pluma valorizaram cerca de 36% em relação aos valores praticados em 2012. A arroba é negociada em média entre R$ 76 e R$ 78, o que dependendo do aparato tecnológico utilizado na cultura garante lucro de até 40%. Ao longo de agosto, período de pico de colheita, os preços recuaram um pouco, mas não o suficiente para limitar a lucratividade.
"A valorização atual do preço do algodão deverá persistir ao longo dos próximos meses. Esta sustentação tem como fundamentos a redução da produção nacional, a alta dos preços no mercado internacional e a desvalorização cambial", disse Oliveira.
De acordo com dados da Emater-MG, além do bom preço recebido pela negociação do algodão em pluma, os produtores mineiros também lucrando com a valorização do caroço do algodão, que é muito utilizado na alimentação de animais. A cotação tem alcançado até R$ 700 a tonelada o que significa um ganho de 40% em relação à safra passada.
A expectativa é que a produção de algodão volte a crescer na próxima safra. A estimativa inicial é de um aumento em torno de 30%. A confirmação ainda depende dos rumos do mercado da soja, que é o principal concorrente do algodão.
"O preço e a demanda pela pluma podem incentivar o aumento dos investimentos no algodão. Porém, dependendo do grau de perdas nas lavouras norte-americanas de soja, provocadas pela estiagem, a soja pode se tornar mais atraente do que o algodão", disse.
Outro ponto favorável para a expansão da cultura é que a produção brasileira é suficiente para atender apenas 20% da demanda do mercado interno.
Veículo: Diário do Comércio - MG