O anúncio de que a Bayer CropScience planeja instalar estações de pesquisa e multiplicação de sementes no país (uma das quais, em Passo Fundo) mexe com o mercado de diferentes formas. Inclusive com a concorrência leia-se Monsanto, que praticamente domina o setor no país. Para o presidente da Aprosoja no Estado, Ireneu Orth, com o avanço da Bayer, deve haver mudanças no modelo de cobrança de royalties e nos valores. Atualmente, os agricultores reclamam da chamada cobrança na moega (em referência à peça por onde passam os grãos antes de serem triturados). Ou seja, cobra-se pela produção, e não pela tecnologia, prejudicando quem tem maior produtividade.
– Com diversidade maior de sementes, esse tipo de cobrança ficará inviável. Como se testará de quem é a semente que deu origem ao grão? – avalia Orth.
Em Passo Fundo, a notícia pegou de surpresa a prefeitura. A preferência pela cidade, porém, faz sentido. A região tem solo de boa qualidade, grandes áreas planas para cultivo e tradição em pesquisa.
A Embrapa Trigo, sediada na cidade, por exemplo, é referência em pesquisas com o grão no país. Além de Passo Fundo, a multinacional deverá instalar, até 2014, novas estações de pesquisa e multiplicação de sementes em Goiás, Paraná, Mato Grosso e Tocantins.
– Somos pequenos no mercado de sementes porque ainda não entramos nessas grandes culturas, como soja e trigo. Mas temos estratégias de crescimento tendo o Brasil como uma potência em produtividade agrícola – disse Liam Condon, CEO da Bayer CropScience, na conferência mundial da companhia, realizada ontem, em Monheim, na Alemanha.
O executivo anunciou ainda o lançamento da marca global de soja transgênica Credenz para o final de 2014 na América do Sul:
– Essa semente oferece tecnologia capaz de proteger as lavouras de insetos específicos, repelir ataques a nematoides e tornar a soja tolerante aos mais efetivos herbicidas.
Veículo: Zero Hora - RS