Faltam talentos e sobram vagas

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Um dos maiores entraves dos projetos de inovação em tecnologia da informação (TI) é encontrar talentos. Dependendo da complexidade do trabalho, as empresas levam até dois meses para preencher uma vaga em aberto. Para não depender apenas dos currículos do mercado, as organizações investem em ações de treinamento e coaching para capacitar o quadro. Há posições em aberto na maioria das companhias, em segmentos emergentes como computação em nuvem e tecnologias móveis.

"Não é fácil encontrar profissionais de TI com foco em inovação", diz Malena Martelli, vice-presidente de recursos humanos (RH) da Capgemini no Brasil, da área de serviços de consultoria, tecnologia e terceirização. Na empresa, o processo de seleção e contratação de um funcionário para o setor de inovação pode variar de 30 dias a dois meses.

Quando seleciona currículos no Brasil, a multinacional, com mais de 125 mil funcionários em 40 países, recorre ao networking e headhunters. "Também temos um programa interno, chamado de 'Indique um Talento', em que os funcionários podem destacar nomes do mercado."

Recentemente, a Capgemini iniciou um projeto em Brasília e deve contratar mais de mil funcionários da área de TI, até dezembro. "Um percentual importante dessas admissões é de pessoal com habilidade em novas tecnologias, como mobilidade." Para Malena, os talentos do setor, além de conhecimento técnico, precisam ser "curiosos, resilientes e conhecer tendências."

Com o objetivo de não contar apenas dos currículos disponíveis no mercado, a empresa investe, desde 2007, na contratação e capacitação de estagiários para renovar o quadro. São admitidos, em média, 300 estudantes ao ano e cerca de 80% são efetivados em posições-chave. A companhia começou também um projeto de aproximação, baseado em apresentações, com estudantes do segundo grau, para despertar nos alunos o interesse na carreira de TI.

A Dell, de soluções para usuários finais e empresas, está sempre "mapeando" profissionais focados em inovação, segundo Miriam Kimura, gerente de aquisição de talentos da Dell Brasil. Cerca de 40% das vagas abertas na companhia são relacionadas à tecnologias emergentes. "Assim que encontramos um candidato com perfil alinhado às nossas estratégias, procuramos estabelecer um relacionamento de longo prazo", diz.

A fabricante também identifica talentos por conta de parcerias que mantém com universidades, centros de pesquisa e incubadoras de negócios. "Criamos vínculos com os estudantes, desde o início da formação", afirma. "Quando eles buscarem um local para trabalhar, poderão considerar a Dell como opção." A companhia também garimpa currículos nas redes sociais e em fóruns de discussão na internet.

Com 263 funcionários no Brasil, a Avaya, do setor de telecomunicação, está à procura de um profissional de tecnologia com foco em inovação para a área de desenvolvimento de software. "Encontrar bons currículos é um desafio. Mas quando se trata do setor de TI, a dificuldade é salientada pela competitividade do mercado e as diferentes especializações dos candidatos", diz Paulo Roberto Roseira, especialista de RH da Avaya.

Dependendo da vaga, o período de seleção na companhia pode se estender por até 45 dias, segundo o executivo. Para reverter o cenário de escassez de mão de obra, a Avaya investe em uma universidade corporativa, especializações e certificações para os funcionários.

Para Mariana Boner, diretora de RH da Globalweb Corp., de desenvolvimento de softwares de gestão, os candidatos a colocações no setor devem saber identificar oportunidades de melhoria de processos e de aplicação de novas ideias.

Com o intuito de aperfeiçoar as equipes, a empresa treinou 1,3 mil pessoas e concedeu 35 certificações profissionais, exigidas por parceiros de TI do grupo, no ano anterior. Também mantém um programa de coaching executivo, desde 2009, que ajuda os funcionários a aprimorarem competências por meio de avaliações e sessões individuais com um coach. Com 1,4 mil funcionários no Brasil, boa parte alocada em clientes por conta de projetos de gestão e consultoria, a Globalweb tem posições em aberto para áreas como computação em nuvem.

Na BRQ, empresa de serviços de TI com quatro mil colaboradores no Brasil, além da indicação por funcionários, a seleção de profissionais é feita com a ajuda de anúncios e triagem em sites especializados. A empresa tem 170 vagas em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba (PR) e no Nordeste, para áreas como desenvolvimento, infraestrutura, testes e gerência.

"Todo profissional de TI deve ter interesse em inovação, como característica básica", afirma José Roberto Haddad, diretor de RH da BRQ. Por conta da falta de pessoal capacitado no mercado, a BRQ não quer perder o capital humano que já conquistou e investe em ações de retenção. Oferece, nos escritórios, atividades como shiatsu e ginástica laboral, além de sala de massagens e de repouso.

Baseada em dados da empresa de pesquisas IDC, a sócia da consultoria de recursos humanos Search, Manuela Calumby, diz que o Brasil terá um déficit de cerca de 117 mil posições, na área de TI, até 2015. As demandas, segundo ela, se acumulam por conta da falta de formação especializada, entrada de novas tecnologias e necessidade de competências específicas.

Segundo Alexandre Attauah, gerente da divisão de TI da Robert Half, de recrutamento de executivos, os profissionais de inovação e projetos devem continuar em alta nas entrevistas. "Cerca de 20% das novas demandas em tecnologia são para esse tipo de posição."




Veículo: Valor Econômico


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