O Projeto de Lei Complementar 11/2012, que aprovou a abertura de duty free shops (lojas que vendem produtos livres de impostos) em regiões de fronteira, ou cidades-gêmeas brasileiras, fará com que o comércio local e o turismo se profissionalizem. Em contrapartida, pode trazer problemas sociais. Para a diretora distrital da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS) Maria Emma Mendes Líppolis, a inserção dos free shops não seria o problema em si, o mais preocupante é a possibilidade de um novo êxodo populacional. "A maior preocupação não é a entrada dos free shops no varejo, e sim o caos e a pobreza em que se transformaram as cidades-gêmeas, com os free shops uruguaios instalados na linha divisória de nosso estado, causando um êxodo de 70 mil pessoas para fora do Rio Grande do Sul", disse. Maria Emma defende que todos os empresários do comercio local serão beneficiados com os free shops chegando efetivamente no Brasil, e que 11 municípios gaúchos, que fazem fronteiras com Argentina e Uruguai. "Não há prejuízo nos locais onde existe a instalação de free shops. Na Região Sul, o Rio Grande do Sul será beneficiado com 11 municípios que fazem fronteiras gêmeas. Temos ainda as outras 17 fronteiras brasileiras que aguardam ansiosamente o dia de terem de novo seus comércios em franca atividade."
Quem também se mostra a favor de que o Brasil passe a operar com free shops de fronteiras é o presidente da consultoria IB2G Airtport Consulting, Luiz Gustavo Fraxino, a concorrência já existe e não afeta em nada o varejo local. "Já temos vários operações dessas em regiões de fronteiras. O que muda é que eles vão estar em solo brasileiro", explicou ele.
Ainda segundo o especialista, assim que a normatização dessa operação estiver completa, trará um fluxo maior de turistas estrangeiros e consumidores locais para as regiões que podem, segundo a lei, receber a operação. "Com uma loja dessa você poderá movimentar a economia local. Primeiro, atrairá um número maior de turistas à cidade e, segundo, consumidores de municípios e locais próximos poderão tornar-se clientes", argumentou.
Estudo feito pela IB2G identificou algumas cidades com maior potencial para inserção desse modelo de loja. São elas: Ponta Porã; Guaíra; Foz do Iguaçu; Barracão e Dionísio Cerqueira; Uruguaiana; Livramento e Chuí. "Essa pesquisa ainda está em andamento, mas temos várias cidades, em sua maioria no extremo Sul do País com potencial para uma operação de duty free shop."
Ainda segundo o levantamento, em 2012 os maiores portais de entrada de pessoas foram Rio Grande do Sul (810.670) e Paraná. (791,396). O número de visitantes estrangeiros por regiões representou um total de 1.540.646 pessoas, sendo 27% do total de visitantes, segundo dados do Ministério do Turismo. Também no ano passado, foram gastos US$ 1,5 bilhões em eletrônicos, perfumes e demais itens só nessas operações de fronteiras. Outro ponto que deve ser destacado é a questão dos novos investimentos que podem chegar no País.
Para a Dufry, player da Suíça e com forte presença no País, assim que a Receita Federal e o governo regulamentarem a operação, a empresa pode investir nesse novo canal de venda. "Achamos a aprovação da lei importante e há regiões em potencial no Sul do País", afirmou o CEO do Dufry, Julián Díaz González. Humberto Mota, presidente da operação brasileira da Dufry, afirmou que há de 35 a 60 regiões com excelente potencial, o que pode indicar que a empresa não hesitará em investir nesse canal de venda. A Dufry está presente em praticamente todos os aeroportos brasileiros e os cosméticos e perfumes são os produtos mais vendidos, com 26% de participação; os artigos de luxo ficam com 18% e, segundo González, a empresa atua em três frentes distintas: alto luxo, luxo acessível e alimentos. "Atendemos os mais variados públicos em nossas operações."
Veículo: DCI