Na hora de cozinhar, o consumidor está trocando óleo de soja por óleos especiais - de canola, girassol ou milho. E fabricantes de alimentos vêm trocando as gorduras saturadas e trans pela vegetal hidrogenada. Essa é a conclusão da americana Cargill, que decidiu investir R$ 52 milhões, do caixa, em duas fábricas, onde a capacidade de produção vai crescer 35%.
A projeção da companhia é que a demanda pelos óleos especiais cresça entre 3% e 5% ao ano nos próximos cinco anos, em volume. A demanda vai ser puxada pela procura por alimentos saudáveis e com vitaminas agregadas, como ômega 3 ou ômega 6, diz o gerente comercial de ingredientes da Cargill, Rafael Simões.
Neste ano, 40% das vendas de óleos na Cargill já são das linhas especiais; em 2015, deve chegar a 46%; e em 2020, a 80%.
Os investimentos estão direcionados para as fábricas de Mairinque (SP) e Itumbiara (GO). O investimento vai aumentar em 35% a capacidade produtiva das linhas de óleos especiais - girassol, canola e milho das marcas Liza, Mazola e Purilev - e de gorduras vegetais. A companhia tem outras quatro fábricas de óleo de soja, mas que ficaram de fora deste plano.
"Sentimos a demanda crescer desde 2008, e desde 2011 víamos a necessidade de aumentar a capacidade de produção", disse o diretor de ingredientes da Cargill, Rubens Pereira. Entre 2008 e 2012 o segmento de óleos especiais cresceu 3% em volume e 13,4% em valor, enquanto o mercado de óleos como um todo ficou estagnado, segundo a Cargill.
A participação dos óleos especiais ainda é pequena: representa 12% do mercado total de óleos de cozinha, dominado pela soja, que movimentou R$ 3,5 bilhões no varejo no ano passado. Em 2012, as vendas de óleos especiais somaram 60 mil toneladas, praticamente o mesmo volume de 2011. O avanço se deu em preço: o segmento movimentou R$ 415 milhões no varejo, 9% a mais do que um ano antes, informa a Cargill.
Segundo a consultoria Euromonitor, a Cargill é vice-líder em óleos no Brasil (com 27% do mercado), atrás da Bunge (38%) e à frente da ADM (12%). A Cargill informa que é líder em óleos especiais, segmento em que também concorre com a Bunge.
Na fábrica de Itumbiara os investimentos são em máquinas e equipamentos, enquanto em Mairinque, além da modernização do parque fabril, a Cargill está investindo nas áreas de armazenagem, escoamento, envase de gordura e embarque a granel. A expansão da capacidade produtiva começou em julho e deve terminar no primeiro semestre de 2014 e vai gerar 20 novos empregos diretos e 120 indiretos.
Desde 2011 a Cargill via a necessidade de aumentar a capacidade de produção dessas linhas, diz Simões. A empresa maturou o plano durante dois anos; cogitou construir outra fábrica e montar linhas de produção em outras unidades (na Bahia), mas decidiu ampliar a capacidade das fábricas onde já produzia. A oportunidade de crescer, segundo a companhia, é maior fora das regiões Sul e Sudeste.
O investimento da Cargill no país acompanha uma tendência global do grupo. No mês passado a empresa anunciou que planeja abrir uma planta de processamento de óleo de girassol na Rússia até a colheita de 2015, investimento estimado em US$ 200 milhões. Em dezembro, a companhia anunciou o plano de investir US$ 91 milhões em uma unidade de processamento de milho na Índia.
No Brasil, a Cargill tem 9 mil funcionários espalhados por fábricas e escritórios em 141 cidades de 14 Estados brasileiros. As vendas da empresa no Brasil somaram R$ 24 bilhões em 2012.
Veículo: Valor Econômico