A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio de Janeiro (Fecomercio-RJ) deu ontem o primeiro passo para que o comércio tenha a mesma força que a indústria e o agronegócio para reivindicar mudanças em políticas públicas com ajuda do governo. Entre os pleitos estão o aumento do crédito às pequenas e médias empresas (PMEs) e desoneração de impostos.
Para a entidade, o segmento deve ser visto como um consumidor intermediário. "Nós pagamos milhões de reais em aluguéis. Sem contar no que consumimos de energia", afirma o presidente da Fecomercio-RJ, Orlando Diniz. O comércio responde por 15% da demanda por energia elétrica do País, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Tal demanda pode aumentar para 18% até 2015.
O executivo defendeu também que os bancos deem mais atenção às PMEs. Segundo ele, enquanto o agronegócio tem uma linha de crédito direcionada, o varejo não possui. "Muitos não conseguem atender a todas as exigências feitas pelas instituições financeiras", disse.
Ontem, a Fecomercio-RJ lançou o Mapa Estratégico do Comércio (2014 a 2020), que compila dados macroeconômicos dos principais indicadores. A iniciativa permite mensurar o potencial econômico do setor.
A consolidação dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com o censo do Ministério do Trabalho e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) - considerados os principais índices do comércio - é capaz de mostrar que o varejo pode ajudar a economia a retomar o crescimento nos próximos anos.
O comércio cresceu mais que o Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos dez anos. A receita bruta de revenda no País foi de R$ 2,5 trilhões em 2011. Um dos destaques é o Centro-Oeste, com avanço de 11,1% no período. Na sequência vem o Nordeste com aumento de 10,19%. O Sudeste, que concentra metade da receita do comércio de todo o País, registrou incremento de 9,12%.
Orlando Diniz aponta que o Mapa Estratégico contempla, em primeiro momento, apenas empresários da cidade carioca, mas é o pontapé que o varejo precisava para se unir e mostrar sua força. "O mercado de consumo não é explorado em sua totalidade e isso acontece devido à falta de incentivo e infraestrutura falha".
Diniz explicou que, com a iniciativa, foram identificados pontos distintos que envolvem o sistema tributário e burocracia, que precisam de maior atenção por parte da iniciativa pública. "Hoje uma empresa no Brasil demora cerca de 2.600 horas para conseguir ter permissão para atuar. Na Colômbia, por exemplo, o tempo médio é de 200 horas".
A entidade, que representa 340,3 mil estabelecimentos no Rio de Janeiro, afirmou que o comércio necessita de condições básicas para abastecer seus pontos de venda. "Estamos falando de um segmento que, em nível nacional, tem 4,9 milhões de estabelecimentos", diz. "A nossa pauta é conseguir dialogar com o governo e fazer com que outras entidades também se unam à causa."
Além da pregar a parceria público-privada, a Fecomercio-RJ propõe outras soluções. "A Prefeitura do Rio restringiu a entrega de produtos em determinados horários. Nossa proposta para minimizar os custos que isso causou é criar Centros de Consolidação, espaços logísticos que abastecerão os estabelecimentos de determinada região".
Segundo o superintendente geral da Fecomercio-RJ, Sergio Alves, a medida também beneficiará a indústria, que "diminuirá custos com logística, um dos maiores gargalos do setor".
Veículo: DCI