Código propõe mudança no comércio eletrônico

Leia em 2min 40s

O consumidor que fizer uma compra à distância, como pela internet, terá 14 dias para desistir da operação, a partir do recebimento do produto, se a proposta de atualização do Código de Defesa do Consumidor (CDC) apresentada nesta quinta-feira pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) tornar-se lei. Entre outras inovações, a proposta prevê medidas para combater o superendividamento do consumidor, como dar poder para um juiz fixar um plano de pagamento, com parcelas menores, prazo maior e juros reduzidos, caso o credor não concorde em repactuar as dívidas de forma conciliatória.

A introdução de regras no comércio eletrônico é considerada a principal necessidade do código, promulgado em 1990. "Incorporamos na proposta temas importantes, que há 23 anos, à época em que o código foi elaborado, não estavam presentes no dia a dia do mercado de consumo, como o comércio eletrônico, que era irrelevante e hoje é uma plataforma muito utilizada por um conjunto amplo de brasileiros", disse Ferraço.

Após apresentação do parecer na Comissão Interna de Modernização do CDC, foi concedido prazo de vista coletiva e a votação deverá acontecer em duas semanas. Após aprovação na comissão, os projetos irão direto ao plenário do Senado. Ferraço informou que o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), quer incluir na pauta de votações até o fim do ano.

Pelo parecer, no caso das compras à distância, o juiz poderá aplicar o chamado "follow the money" (siga o dinheiro, em português) aos sites, determinando a suspensão dos pagamentos e das transferências financeiras para o fornecedor do comércio eletrônico. Poderão ser também bloqueadas as contas bancárias do fornecedor, caso ele não cumpra a ordem de suspender as vendas no site. O projeto prevê várias obrigações do site, como informar, em local de fácil visualização, dados do fornecedor e mantenedor e preço total do produto ou serviço, incluindo tributos e despesas com frete.

Ferraço mantém, em projetos separados, as sugestões de regras para comércio eletrônico, de ações para combater o superendividamento do consumidor e de medidas para dar prioridade ao processamento e julgamento das ações coletivas, que foram apresentadas por uma comissão de juristas que estudou as alterações necessárias ao código.

Além desses temas, o pemedebista incluiu um projeto que prevê o fortalecimento dos Procons e outro que trata da publicidade destinada ao público infantil, para estipular casos de anúncios abusivos. O projeto também prevê medidas de estímulo ao consumo sustentável, incentivando a redução da produção de resíduos e emissões poluentes.

Para fortalecer os Procons, a proposta aumenta o prazo de reclamação em caso de defeito (de 90 para 180 dias para produtos duráveis e de 30 para 60 dias para produtos não duráveis), dá poder a esses órgãos para aplicar medidas corretivas, como determinar a substituição ou reparação do produto com vício e a devolução do dinheiro, com possibilidade de imposição de multa diária, em caso de descumprimento.

Em relação à publicidade infantil, ela é considerada abusiva quando se aproveita da "deficiência de julgamento e experiência, promova discriminação em relação a quem não seja consumidor do bem ou serviço anunciado, contenha apelo imperativo ao consumo, estimule comportamento socialmente condenável ou, ainda, empregue criança ou adolescente na condição de porta-voz de apelo ao consumo".



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Nestlé pretende vender negócios com fraco desempenho

A Nestlé pretende recuperar ou vender boa parte de suas marcas e negócios com fraco desempenho, disse nest...

Veja mais
Sérgio Fonseca é o CEO Brasil da BRF

A BRF anunciou na quinta-feira (17/10) o nome de Sérgio Fonseca para o cargo de CEO Brasil, dando continuidade ao...

Veja mais
Lielos licencia personagens da Mattel e da Warner Bors

A empresa catarinense Lielos Cosméticos firmou parceria para licenciamento de personagens da Warner Bros. e da Ma...

Veja mais
Richester lança embalagem com cinco unidades do wafer Amori 1000

A Richester, marca da M. Dias Branco, lança a embalagens com cinco unidades do wafer Amori 1000. A nova opç...

Veja mais
Nordeste é a mira de sorvetes finos

Aumento do poder de compra da região atrai empresas de sorvete, que driblam o entrave do transporte para crescerA...

Veja mais
Shopping de bairro perde espaço em BH

Alternativa de comércio local, sucesso em países como os EUA, empreendimentos dão lugar a outras at...

Veja mais
Dilma lança Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica

A presidenta Dilma Rousseff afirmou, nesta quinta-feira (17), que crescimento econômico pode estar unido com conse...

Veja mais
Mercado brasileiro se prepara para os free shops de fronteira

O Projeto de Lei Complementar 11/2012, que aprovou a abertura de duty free shops (lojas que vendem produtos livres de im...

Veja mais
Preço do quilo do pão francês está próximo de R$ 10

Aumento está ligado à alta do preço da farinha, que o Brasil importa de países como Argentin...

Veja mais