Produtor está descartando o produto para evitar prejuízo
O aumento expressivo da safra mineira de cebola e a oferta maior proveniente de outros estados estão contribuindo para a redução dos preços pagos pelo produto. Em alguns casos, os valores estão muito abaixo dos custos de produção e a opção encontrada para reduzir os prejuízos é o descarte da cebola. A caixa de 20 quilos do tipo três, que em outubro era negociada em média no Estado a R$ 10,02 foi negociada a R$ 8 no início de novembro, queda de 20%.
De acordo com o representante da Cooperativa dos Produtores do Alto Paranaíba (Coopadap), que tem sede em São Gotardo, Luiz Carlos Fernandes, os preços pagos atualmente são insuficientes para cobrir os custos, o que deve desestimular o plantio na próxima safra.
"Parte dos produtores mineiros ampliou a produção em 2013 e a oferta no mercado nacional, principalmente devido à maior produção na região Nordeste do país, está maior que a demanda. Com isso, os preços pagos pela cebola sofreram uma queda significativa, causando perdas para os produtores, que no próximo ano poderão reduzir a área destinada ao produto", disse.
De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em 2013 a safra de cebola atingiu 157,1 mil toneladas. O volume ficou 11,8% superior ao registrado no ano passado e, de acordo com os dados da Seapa, o volume representa recorde na produção dos últimos vinte anos. Em 1994, por exemplo, foram colhidas 17 mil toneladas de cebola nas lavouras do Estado e, em relação ao resultado daquele ano, o volume atual está 830% maior.
Com o aumento da produção, o valor pago pela cebola está inferior aos custos de produção. Os preços da caixa de 20 quilos tipo três, que contém cebolas do tamanho e da qualidade mais demandados, estão em torno de R$ 8, enquanto deveria estar em torno de R$ 16 por caixa. Este seria um valor suficiente para cobrir os custos e garantir rentabilidade aos produtores.
A desvalorização do produto em relação a outubro ficou próxima a 20% e em comparação com novembro de 2012 a queda foi de 54,85%.
Ainda segundo Fernandes, nos tipos que possuem menor demanda a situação é ainda mais complicada. "Nas caixas com cebolas de tamanhos menores, como a tipo 1 por exemplo, os preços praticados no mercado não são suficientes para cobrir os gastos com a colheita, ensacamento e transporte, por isso, os produtores estão preferindo descartar a produção", disse Fernandes.
A região do Alto Paranaíba, que é a principal produtora de Minas Gerais, deve produzir em 2013 cerca de 146,6 mil toneladas de cebolas. A produtividade média de 57,24 toneladas por hectare. A área destinada ao produto é de 2,5 mil hectares.
O maior município produtor é Rio Paranaíba, com um volume anual em torno de 46,8 mil toneladas, que são cultivados em uma área de 780 hectares. O segundo é Santa Juliana com produção de 60 mil toneladas e área utilizada de 36 mil hectares.
Veículo: Diário do Comércio - MG