Cesta básica encarece 11% em 2013 e dona de casa desembolsa R$ 42 a mais

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Tomate, feijão, leite e pão francês. Esses foram alguns dos alimentos que pesaram no bolso do consumidor durante este ano. Aliás, o valor da cesta básica na região ficou 11,03% mais caro neste ano em relação a 2012, ou seja, superou a inflação oficial – já que a prévia desse indicador, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), fechou 2013 em 5,85%. O conjunto de 34 itens de primeira necessidade passou de R$ 385,41 no ano passado para R$ 427,92 neste. Isso significa que a dona de casa desembolsou R$ 42,51 a mais para fazer as compras em 2013.

O levantamento é da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) e mostra que primeiro semestre teve o pior comportamento do ano. “A alta no preço da cesta básica ainda foi maior que a média dos indicadores de custo de vida que representam a inflação, principalmente devido aos valores dos alimentos, que a partir do segundo semestre do ano passado foram grande preocupação mundial e que, inclusive, no Brasil, foram foco do governo, que precisou tomar medidas de controle ao longo do ano”, diz o engenheiro agrônomo da Craisa Fábio Vezza De Benedetto.

Logo em abril, o tomate alcançou seu maior patamar, chegando a custar R$ 15 o quilo entre os sacolões da região. Nos mercados, o quilo era vendido a preço menor, mas ainda salgado, e a média chegou a R$ 6,49. Na época, o grande responsável por essa retomada de preço foi a variação do clima. O tempo mais frio, portanto, prejudicou a colheita e até o transporte do produto, garante o engenheiro agrônomo. Segundo ele, o feriado prolongado da Páscoa também acabou sendo um dos motivos para reajustar os valores.

O feijão-carioquinha também virou artigo de luxo na região neste ano. O alimento, tipicamente brasileiro, chegou a custar R$ 5,71. Em alguns mercados o pacote de um quilo alcançou patamares ainda maiores: R$ 8. Dentre os motivos que levaram o feijão a ficar mais caro destaca-se a quantidade de áreas plantadas. “Como em 2012 o item ficou mais barato, muitos produtores deixaram de plantar o grão para cultivar milho, que agora é colhido em abundância.”

MUDANÇA DE HÁBITO


Mais café, menos leite. Essa vem sendo a medida da xícara no café da manhã dos moradores da região durante este ano. Para se ter ideia, de outubro de 2003 até mesmo mês neste ano, o preço médio do litro da bebida subiu 96,8%, passando de R$ 1,25 para R$ 2,46. Ao longo deste ano, o leite chegou a atingir R$ 2,69.

A explicação para a inflação do laticínio é um descompasso entre a produção nacional e o consumo, que vem crescendo anualmente. “Há alguns anos, a bebida era vendida a preços muito baixos, e isso desestimulou os pecuaristas a aumentarem as produções, já que todo o processo é caro e necessita de investimentos.”

Além do aumento do consumo das famílias, as indústrias fabricantes de laticínios também aumentaram a produção de diversos itens lançados no mercado, elevando a demanda pela matéria-prima. E, para finalizar, no meio do ano, o inverno deixou os pastos secos e os produtores precisaram gastar mais para alimentar o gado com ração, cuja base são a soja e o milho.

 Outro produto do café da manhã na região, o pãozinho francês, também ficou mais caro em 2013. Entre a última semana de janeiro e o fim de novembro, por exemplo, o item encareceu 14,68%. O preço médio do quilo do pão passou de R$ 6,47 para R$ 7,42, incremento de R$ 0,95. Isso por conta do aumento da farinha de trigo, matéria-prima básica do pão. “A farinha ficou mais cara devido à frustração na safra da Argentina, principal fornecedor brasileiro, devido a problemas climáticos que, aliados à alta do dólar, valorizaram os produtos dos Estados Unidos e do Canadá, e forçaram a elevação do preço.”

Mesmo com todos esses alimentos custando mais caro, comparando os valores praticados em 2012 com os aplicados neste ano, as variações que chamam mais a atenção são as do quilo da batata e da cebola. O tubérculo lidera a lista das maiores altas, com 85,19%, e hoje custa R$ 3,38. A cebola vem em seguida, com reajuste de 37,82% – atuais R$ 2,82. “Esses são dois alimentos pertencentes ao grupo dos hortifrutigranjeiros que são bastante dependentes do clima. Durante grande parte do ano, por exemplo, não plantamos cebola, importamos o item da Argentina, que por ser de melhor qualidade e ter o custo do frete embutido, encarece a compra do cliente.”

A previsão é de que logo nos primeiros dias de 2014 o preço da cesta básica volte a cair, devido às férias e à desocupação das grandes cidades.



Veículo: Diário do Grande ABC


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