Peras dos EUA perdem espaço no Brasil

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Comemorada pelos exportadores brasileiros, a valorização do dólar diante do real minou qualquer chance que os produtores de pera dos Estados Unidos tinham de recuperar parte do terreno perdido nas vendas da fruta para o Brasil. Neste safra 2013/14, os americanos devem amargar a quarta retração consecutiva das exportações da fruta para o mercado brasileiro.

Pelas estimativas da Pear Bureau Northwest (USA Pears), associação que representa os produtores dos Estados de Oregon e Washington, os EUA exportarão 170 mil caixas (ou 3,4 mil toneladas) de peras para o Brasil da atual temporada, que se encerra em janeiro. Trata-se de uma queda de 57,5% ante as 400 mil caixas (ou 8 mil toneladas) compradas pelo Brasil na temporada 2012/13.

"Existe o medo de uma redução drástica das vendas", reconhece o representante da USA Pears no Brasil, Francesco Sicherle, que atua na área de importação de peras desde a abertura do mercado brasileiro para a fruta americana, em 1994.

Ao recordar a histórico das relações comerciais com o Brasil, o executivo deixa claro que o câmbio tem papel decisivo. Em 1998 - quando ainda vigorava a âncora cambial -, lembra Sicherle, os americanos exportaram cerca de 1 milhão de caixas de pera ao Brasil. Menos de dois anos depois, as vendas caíram para apenas 30 mil caixas. No meio do caminho, houve o fim da paridade entre o real e o dólar e, por consequência, a maxidesvalorização da moeda brasileira.

Em 2013, mais uma vez, a depreciação do real - de 15,03% - volta a dificultar o caminho dos produtores de Oregon e Washington, que respondem por cerca de 80% de toda a pera produzida nos EUA. "O preço em dólar da pera ficou estável, mas com o câmbio ela ficou mais cara em reais", diz Sicherle.

Mas o câmbio não é o único entrave. Ele explica que o perfil da safra 2013/14 de peras dos EUA, colhidas entre o início de agosto e o fim de novembro, fugiu de uma característica apreciada pelo consumidor brasileiro: o tamanho. De acordo com o executivo, uma caixa de pera no pico da atual colheita continha 60 frutas, ante a média histórica de 80 a 90. "A fruta ficou muito grande. Se você pensar em unidade, significa que um mesmo volume não será suficiente para a família", afirma ele.

Outro fator que pesa negativamente é a logística. Nos últimos anos, o tempo de transporte de um carregamento de pera dos EUA para o Brasil aumentou da média de 30 a 35 dias para até 45 dias. "A logística é muito complicada e o custo do frete é alto", afirma Sicherle.

Com isso, a pera americana perde competitividade para a fruta produzida na Espanha, que disputa a mesma janela de mercado, de janeiro a novembro. Em 2010, os espanhóis desbancaram os EUA do posto de terceira principal origem de pera consumida no Brasil.

No topo desse 'ranking' está a Argentina, que responde por cerca de 80% das importações brasileiras da fruta. No acumulado do ano até novembro, o Brasil importou 173,1 mil toneladas de pera. De acordo com Sicherle, a janela de exportação encontrada por EUA e Espanha é exatamente o período em que a Argentina não tem fruta para exportar. Fora desse período, é praticamente impossível competir.

Mesmo diante de todas essas dificuldades, o representante da USA Pears ressalta a importância estratégia do mercado brasileiro. O país é o segundo principal importador da variedade "bartlett", a primeira a ser colhida nas perreiras americanas. Como um todo, o Brasil é o sexto mercado para a pera americana.



Veículo: Valor Econômico


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