Fabricantes criam bonecas para além da infância

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Até que idade as meninas podem continuar gostando de bonecas?


Esta é uma pergunta que vale centenas de milhões de dólares para empresas como a Hasbro Inc., que fabrica os personagens da linha colorida My Little Pony, e a Mattel Inc., criadora da Barbie, boneca considerada uma deusa entre as meninas de três a seis anos. Esses e outros fabricantes de brinquedos estão enfrentando uma dura batalha para manter as garotas brincando com bonecas o maior tempo possível, antes que elas mudem para os jogos digitais, iPads e celulares.

Os profissionais de marketing estão atualizando personagens bem conhecidos para prolongar a vida deles entre as crianças. Em outubro, a Mattel Inc. lançou uma coleção de bonecas produzidas e sedutoras chamada Ever After High, para garotas entre 9 e 12 anos. Ela substitui outra linha, a Monster High, de bonecas inspiradas em filmes de terror que a Mattel criou em 2010 para garotas que passam da faixa etária de 3 a 6 anos que é o foco da Barbie. A empresa informou que a Ever After High deve ser lançada no Brasil no ano que vem.

Num sinal do duradouro apelo dos contos de fadas, as seis bonecas seriam descendentes de personagens de histórias conhecidas. A Mattel as descreve como "as fascinantes adolescentes de contos de fadas clássicos [que] optam por seguir os passos dos pais ou descobrir o seu próprio final feliz".

Ao contrário das famosas princesas da Walt Disney Co., com seus vestidos discretos e penteados clássicos, as bonecas Ever After High, da Mattel, usam maquiagem pesada, meias arrastão e salto alto. Em vez de vestidos de baile, elas usam saias curtas e renda preta. A boneca Appe White, por exemplo, é a filha adolescente da Branca de Neve (Snow White, em inglês), Briar Beauty é a filha da Bela Adormecida (Sleeping Beauty) e Madeline Hatter é a filha do Chapeleiro Maluco (Mad Hatter).

A Mattel afirma que ainda há espaço para bonecas na vida de uma pré-adolescente. Afinal, a sua linha de bonecas American Girl, que faz muito sucesso nos Estados Unidos, é composta por 75 modelos e 165 roupas e acessórios. Uma garota de dez anos pode ter um laptop e um smartphone, mas ela também pode ter bonecas nas prateleiras do seu quarto, diz Michael Shore, diretor do departamento da Mattel que analisa hábitos do consumidor. As bonecas se tornaram "uma expressão dos interesses das pessoas, de quem elas são", diz.

A mídia digital não criou esse desafio, mas com certeza acelerou a velocidade com que as crianças passam da fase de brincar com bonecas e brinquedos, diz Kathy Hirsh-Pasek, que é uma das diretoras do Laboratório Infantil da Universidade Temple, na Filadélfia, e dá consultoria para a Mattel e outras empresas.

Os pais de hoje querem que as crianças continuem brincando com brinquedos, diz ela. Ainda assim, na idade da pré-adolescência, entre 9 e 11 anos, as garotas com frequência vivem um conflito. Elas querem brincar, mas também querem ingressar no mundo da adolescência.

O desafio dos fabricantes de brinquedos é repensar a forma como as bonecas podem atrair garotas mais velhas, diz Deborah Ryan, chefe do departamento de design de brinquedos da Faculdade Otis de Arte e Design, de Los Angeles. Vincular bonecas a tendências que aparecem em filmes e livros é uma ideia promissora, diz ela - a forma como "Jogos Vorazes" impulsionou o arco e flecha e a série "Crepúsculo" beneficiou os vampiros. "Ao associá-la a essas coisas, você pode estender o tempo de brincar com aquela boneca", diz ela.

A Hasbro, por sua vez, resgatou marcas que foram populares nos anos 80, como a linha de boneca Moranguinho e deu a elas identidades mais modernas. A Gotinha de Limão, por exemplo, hoje é dona de um salão de beleza.

A linha My Little Pony também foi adaptada para pré-adolescentes. Em agosto, a Hasbro lançou a linha Equestria Girl, já à venda no Brasil, que transforma os amados pôneis com crinas coloridas em adolescentes humanas que usam minissaias e, naturalmente, rabos de cavalo.

Para desenvolver a linha Equestria Girls, a Hasbro ouviu a oponião de centenas de garotas entre seis e dez anos. Donna Tobin, diretora sênior de marketing e estratégia global de marca da Hasbro, disse que a empresa mostrou às garotas esboços das bonecas e perguntou se elas as reconheciam, o que achavam das suas orelhas, qual idade elas pareciam ter.

As meninas indicaram que queriam mais sapatos, diz a executiva. Agora, em vez de pés, as bonecas têm peças que se encaixam a botas. Na próxima versão da linha Equestria Girls, que deve chegar às lojas dos EUA no início de 2014, as bonecas terão pés nos quais poderão ser encaixadas botas de salto alto e baixo, além de sandálias, diz Tobin.



Veículo: Valor Econômico


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