A Argentina proibiu a exportação de trigo, na tentativa de evitar que os prejuízos da seca cresçam e afetem o abastecimento interno. A decisão fez o preço do produto disparar no Brasil, que já tinha registrado alta de 15% desde o início do ano (base Paraná). O trigo cotado a US$ 230 por tonelada no país vizinho já tem permitido aos produtores brasileiros negociarem o cereal a R$ 540 a tonelada.
"Hoje os preços no País estão se balizando pelos preços na Argentina que estão subindo desde que começaram as notícias sobre a quebra de safra", disse Élcio Bento, analista da Safras & Mercado. Segundo ele, hoje a tonelada do produto argentino chega em São Paulo cotado a R$ 630, pouco acima do trigo produzido no Paraná, cotado a R$ 615 na mesma região.
No último ano a situação no mercado era parecida, com a Argentina limitando suas exportações e forçando o Brasil a buscar fornecedores alternativos. Na safra passada o saldo exportável dos argentinos era de 9,07 milhões de toneladas, mas em razão da inflação interna os embarques estavam restritos. Nessa safra, por conta da seca, a previsão é a de que o saldo exportável do país vizinho seja inferior a 3 milhões de toneladas.
Ontem, após a primeira reunião de comércio bilateral Brasil-Argentina de 2009, Ivan Ramalho, secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, a pedido da Abitrigo, solicitou à comissão argentina um levantamento do quanto o país poderá fornecer ao Brasil. No entanto já antecipou "o Brasil terá que se preparar para comprar de outros mercados porque a Argentina já adiantou que, em razões da seca, não terá condições de atender nossa demanda", disse.
Diante desse cenário, os olhos dos proprietários de moinhos e traders já se voltam para a oferta nos Estados Unidos, principal fornecedor alternativo de trigo para o Brasil. Atualmente o produto norte-americano, posto em São Paulo, custa R$ 782 por tonelada . "Sem acesso ao trigo da Argentina os preços no mercado interno ficariam ainda maiores balizados pela paridade de exportação com os EUA", afirmou Bento.
O cenário é positivo para os produtores brasileiros já que o trigo norte-americano pode se valorizar ainda mais nós próximos dias, alavancado pelo aumento da demanda.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) o volume de inspeção das exportações semanais de trigo do país subiu para 14,867 milhões de bushels na semana encerrada no dia 22 de janeiro. Na semana anterior o volume foi de 7,236 milhões.
Veículo: DCI