Nos próximos 12 meses, o Wal-Mart vai abrir, pela primeira vez em sua história, uma área maior de lojas nos seus mercados internacionais do que nos Estados Unidos. A varejista americana planeja abrir desde uma "bodega", pequena loja de conveniência no México, até uma unidade do Sam's Club em Xangai e uma loja de atacado na Índia em sociedade com operador local . Só no Brasil, a multinacional prevê investir cerca de R$ 1,6 bilhão em 2009 e abrir entre 80 e 90 lojas, com a criação de 9 mil postos de trabalho.
Na China, serão abertas unidades em cidades menores, situadas em regiões emergentes, enquanto, no Canadá, as lojas de descontos estão sendo convertidas para o formato mais lucrativo de hipermercados, que vendem alimentos.
Mike Duke, chefe da divisão internacional do Wal-Mart, irá suceder, na próxima semana, Lee Scott na presidência executiva do grupo. Quem ocupará o cargo de Duke na divisão internacional será Doug McMillon, que dirigia a marca Sam's Club nos Estados Unidos. Há três meses, Duke afirmou que acreditava que a crise econômica criava uma maior demanda internacional para as bandeiras de baixo custo do Wal-Mart. "Estamos bem posicionados porque temos nosso foco em baixos preços... é disso que os consumidores precisam nesse momento", afirmou Duke.
Atualmente, o Wal-Mart está presente em 14 países fora dos Estados Unidos e a divisão internacional responde por cerca de 30% das vendas totais. Excluindo possíveis aquisições, o Wal-Mart espera investir nos próximos 12 meses mais de US$ 2,8 bilhões na abertura de lojas nos seus mercados internacionais. O orçamento é superior ao desembolsado nos últimos 12 meses, de US$ 2,6 bilhões.
A multinacional americana, a maior varejista do mundo, está financiando sua expansão com a pilha crescente de dinheiro obtida com o fortalecimento de suas operações nos Estados Unidos, onde seus formatos de loja de baixo custo passaram a atrair um novo tipo consumidor, que antes fazia compras em lojas mais sofisticadas.
Mas a varejista também afirma que passou a conduzir de forma mais disciplinada seu crescimento internacional e que intensificou o foco no retorno sobre os investimentos. Parece ter aprendido as lições do fim da década de 90, quando o rápido crescimento global a levou a fazer mal-sucedidos investimentos na Coréia e na Alemanha.
Nos próximos cinco anos, o Wal-Mart também pretende mudar a forma como gasta seu dinheiro. A empresa planeja destinar quase a metade do orçamento para a divisão internacional, de US$ 5 bilhões, para a expansão em mercados em desenvolvimento - China, Índia e América Latina. Nos últimos cinco anos, os mercados emergentes ficaram com cerca de um terço do total investido internacionalmente.
O foco maior nas oportunidades de crescimento nos países emergentes torna altamente improvável uma aquisição do grupo Wal-Mart em mercados maduros, como a Europa, embora haja especulações de que a multinacional americana esteja interessada na Arcandor, uma rede de lojas de departamento da Alemanha, cujas ações subiram 20% nesta semana.
Ontem, a Asda, subsidiária do Wal-Mart no Reino Unido e a segunda maior rede britânica, afirmou que manterá seus investimentos e que vai criar 7 mil postos de trabalho no país. A Tesco, a maior varejista britânica, reagiu e afirmou que vai contratar 10 mil pessoas. A Sainsbury, a terceira maior rede, disse que vai criar 5 mil empregos. Com o colapso da Woolsworth no fim de 2008, foram fechados 1 mil postos no Reino Unido.
Veículo: Valor Econômico