O brasileiro de maior renda trocou a batata in natura pelo produto congelado, já descascado e picado. O volume vendido da batata pronta para fritar cresceu 25,3% em 2008. O dado, divulgado ontem pela Nielsen, reflete o comportamento do consumidor nos supermercados em 2008.
Dentre os produtos que apresentaram maior alta nas vendas, em quantidade, estão, além da batatinha congelada, as bebidas energéticas (alta de 29,8%), o antisséptico bucal (26%), repelentes contra insetos (25,8%) e bebidas a base de soja (25,3%), entre outros. "Isso mostra que o consumidor, com mais renda, procurou artigos que trouxessem mais conforto, praticidade e apelo à saúde", explica João Carlos Lazzarini, diretor de atendimento da Nielsen.
Outro dado da pesquisa mostra queda no consumo de arroz (-5,9%) e alta no de cervejas (10%). "O brasileiro comprou mais cerveja no supermercado para consumir em casa devido à lei seca", diz o especialista. O arroz, segundo ele, vendeu menos devido à alta provocada pelo encarecimento das comodities no início do ano.
Durante todo ano, segundo ele, as vendas nos supermercados se mantiveram em alta - até outubro, quando houve uma "leve queda", provocada pelo agravamento da crise. "Em dezembro o ritmo de consumo foi retomado. Até agora, se houve algum reflexo da crise no comportamento do consumidor, ele é ainda muito inicial."
Caso haja realmente algum impacto da crise no mercado, segundo Lazzarini, ele deve se pronunciar em março, após o fechamento dos resultados de 2008 pelas maiores empresas do setor de bens de consumo. Em um primeiro momento, segundo ele, o consumidor continuaria comprando os mesmos itens. "Mas iria mais vezes ao supermercado para comprar menores quantidades. Em vez de três pacotes de batatas congeladas, levaria apenas dois", explica. Em um segundo momento, ocorreria a troca de marcas, com migração das mais caras para as mais baratas. Só depois o consumidor deixaria de comprar os produtos que experimentou em 2008.
A dona-de casa, por exemplo, voltaria para a batata in natura. Nessa situação, os primeiros itens a sofrer essa troca seriam os de limpeza da casa. Já os de cuidado pessoal seriam os últimos. O consumidor, caso isso se concretize, preferirá deixar o limpa-limo de lado e voltar à água sanitária para continuar usando um bom desodorante.
Veículo: Valor Econômico