A Canon, a primeira das grandes companhias de produtos eletrônicos do Japão a apresentar um panorama para 2009, informou ontem que seu lucro líquido deverá cair dois terços este ano, para o menor patamar em uma década. 

 

A queda, para um lucro líquido de 98 bilhões de ienes (US$ 1,1 bilhão), ocorrerá sobre o ano de 2008, que foi fraco. Ontem, a Canon anunciou um lucro líquido de 309 bilhões de ienes para o ano passado, com queda de 37% sobre o resultado de 2007. "Este ano nosso ambiente operacional será ainda mais difícil que o do ano passado", disse Masahiro Osawa, diretor financeiro. 

 

A Canon usa o ano calendário em seus resultados, enquanto a maioria das empresas japonesas vão encerrar o ano fiscal no fim de março. Com isso, seus resultados fornecem um guia antecipado das perspectivas para 2009. 

 

A Sony já informou que espera um prejuízo de 150 bilhões de ienes no exercício que se encerrará em março, e a situação deverá ser parecida na Panasonic e na Toshiba por causa da valorização do iene e da debilidade da economia mundial. Mas ao que parece, o próximo ano será ainda pior. 

 

O maior problema da Canon é a força do iene. A empresa prevê que as vendas cairão menos de 3% em 2009 em moeda local, mas a queda será de 15% quando convertida para o iene. A companhia prevê taxas de câmbio de 90 ienes para o dólar e de 120 ienes para o euro este ano, números próximos das atuais taxas de mercado. Isso estabelece uma linha de partida para outras companhias, que serão criticadas se tentarem maquiar suas previsões usando suposições mais otimistas. 

 

O ano de 2009 deverá ser especialmente difícil no segmento de câmeras, onde a Canon é líder de mercado - a previsão é de uma queda de 77% no lucro operacional. Isso deixará preocupados investidores de concorrentes como a Sony, para a qual as câmeras vêm sendo um produto lucrativo. 

 

A Canon pretende reduzir seus custos em 70 bilhões de ienes em 2009, juntando-se ao resto do setor de produtos eletrônicos de consumo do Japão na corrida para a redução da capacidade de produção. 

 

Ontem, a Panasonic confirmou que vai fechar duas fábricas de componentes eletrônicos na Malásia e nas Filipinas, para se concentrar na produção em lugares onde os custos são mais baixos. 

 

Mas o balanço da Canon parece formidável, com um caixa líquido de 665 bilhões de ienes e quase nenhuma dívida. Um sinal dessa força é o plano da companhia de investir 350 bilhões de ienes em pesquisa e desenvolvimento no próximo ano, atingindo sua meta de longo prazo de 10% das vendas pela primeira vez, apesar da recessão. 

 

A companhia não forneceu uma previsão de dividendo para 2009, mas disse, em uma observação contábil, que espera uma saída de caixa de 144 bilhões de ienes relativa a atividades de financiamento. Isso está em consonância com a manutenção do dividendo deste ano em 110 ienes por ação. 

 
 
Veículo: Valor Econômico