No começo de 2008, a expectativa de crescimento da fabricante de meias e roupas íntimas Lupo era crescer 12%. No entanto, em dezembro passado, em meio ao turbilhão de notícias relativas a crise internacional, que já afetava setores da indústria no Brasil, a empresa fechava o ano com faturamento de cerca de R$ 380 milhões, alta de 25%. Para 2009, as previsões são otimistas: crescer 12%. Segundo Valquírio Cabral Júnior, diretor comercial da empresa, por conta do pessimismo que tomou conta dos varejistas em novembro e dezembro, os estoques das lojas estão praticamente zerados, o que tem impulsionado as vendas da fabricante neste início de ano.
"A maioria dos clientes perderam negócios porque não tinham mercadorias", explicou. Cabral está atualmente participando da Fenim, feira de inverno realizada em Gramado, no Rio Grande do Sul. Segundo o executivo, o movimento desse início de ano está surpreendente. "Viemos para vender R$ 1,5 milhões nos quatro dias, mas já vendemos R$ 2 milhões no segundo dia", disse.
A empresa está se preparando para atender a demanda de 2009. Será inaugurada em junho a nova fábrica de roupas íntimas masculinas e femininas em Araraquara, no interior de São Paulo, onde a empresa já possui cinco fábricas. A nova unidade deve ampliar em até 20% a capacidade de produção da empresa.
Com essa expansão, a expectativa é que a produção de lingerie alcance 5 milhões de unidades, ante 4 milhões de 2008. A produção de cuecas também deve crescer, passando de 15 milhões de unidades produzidas em 2008 para 18 milhões este ano, segundo estimativa da empresa.
Apesar de pouco tempo disputando o mercado de roupas íntimas - dez anos em cuecas e quatro anos em lingerie - o segmento tem ganhado espaço cada vez maior no faturamento da empresa. Há dois anos, a meta da empresa era que as vendas de confecções representassem 30%. Em 2008, já alcançaram 40% do total. "E a tendência é continuar crescendo. Devemos chegar em 2010 com 50% de confecção e 50% de meias", disse. Para a empresa, o alto valor agregado das roupas íntimas, assim como o potencial de crescimento do mercado, especialmente em lingerie, são vantagens que impulsionam aportes na categoria. "Os investimentos em produção são menores. As máquinas de produção de meias são importadas enquanto as máquinas de costura custam cerca de R$ 1000", explicou.
O consumo brasileiro de cuecas é estabilizado em quatro peças por ano por homem, segundo Cabral. Por isso, a empresa aposta em tecidos diferentes e licenciamento para ampliar as vendas. Além da marca Lupo, a empresa produz ainda para Forum, Cavalera, entre outros. No ano passado, as vendas da Lupo de cuecas e lingerie cresceram 40%.
Apesar de estar perdendo o peso dentro da companhia, as meias ainda são o carro-chefe da companhia. Maior fabricante do Brasil, a empresa fechou 2008 com produção de 60 milhões de pares. Para este ano, Cabral espera ampliar essa produção em 7%. No ano passado, as vendas de meias da empresa cresceram 9%.
Preços mais altos
Com o agravamento da crise internacional no final do ano passado, a Lupo enfrentou a alta de algumas matérias-primas, como os fios e tintas. Em virtude disso, a empresa reajustou os preços de todas as linhas de produtos em 7% este mês. "Essa tabela vale até 31 de dezembro, mas se tiver alguma surpresa ao longo do ano vamos repassar", afirmou Cabral. Segundo ele, os preços estão estabilizados nesse início de ano
Veículo: Gazeta Mercantil