Há alguns anos, Lindolfo e Elida Paiva receberam uma visita inspiradora do amigo Jay Cheney, da Califórnia, que chegou animado para contar suas façanhas como cookieman. Curioso, o casal pediu para que ele ensinasse os segredos da preparação do legítimo cookie americano. Aquela fornada, gentilmente feita por Jay Cheney, deu início a uma história de empreendedorismo. Lindolfo e Elida viram a possibilidade vender o produto no Brasil. A primeira loja chamada Mr. Cheney, em homenagem ao amigo, foi aberta em 2005 na Casa Verde, Zona Norte de São Paulo.
Junto com variados tipos de cookies, há no cardápio outras iguarias americanas como panquecas e tortas de maçã, que caíram no gosto dos moradores e frequentadores do bairro. Em 2012, surgiu a ideia de expandir a rede e um segundo espaço foi aberto no Shopping Eldorado. Hoje, já são 19 lojas. Até julho, a previsão é de dobrar o número de estabelecimentos, chegando a 40. "Além das franquias, abriremos lojas próprias em locais estratégicos que garantem visibilidade à marca", diz Lindolfo Paiva. Em março, a Mr. Cheney inaugurou um quiosque no aeroporto de Congonhas e uma outra loja será aberta no aeroporto de Guarulhos, em maio.
As franquias se espalham por São Paulo, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Belo Horizonte e principais capitais do Nordeste. "Tivemos um começo difícil porque no Brasil havia a cultura de biscoitos industriais e embalados. Mas a experiência do cookie assado na hora, da degustação em ambiente agradável, conquistou as pessoas", afirma o empresário.
O dono da Mr. Cheney recomenda aos interessados na franquia que selecionem bem o ponto comercial, aspecto que julga preponderante para o sucesso. As lojas devem ter cerca de 30 metros quadrados e o investimento total é de R$ 270 mil, sendo que a taxa de franquia é de R$ 43 mil. Os royalties são de 5% do faturamento mensal. O retorno do investimento ocorre de 18 a 36 meses.
Culturalmente, os biscoitos fazem parte da alimentação básica da população brasileira, mas devido ao movimento de ascensão social, surgem novas oportunidades de negócios. O Brasil é o segundo maior mercado de biscoitos do mundo - com um faturamento anual superior a R$ 7 bilhões e consumo de 6,2 quilos por habitante ao ano, atrás apenas dos EUA.
Mas aqui, os produtos premium representam cerca de 6% das vendas, enquanto nos Estados Unidos, 36%, segundo levantamento da Euromonitor Internacional. A pesquisa indica que em diversos países emergentes os produtos de maior valor agregado consistem uma fatia de quase 20% do total.
De olho no potencial do mercado brasileiro, a rede americana Dunkin' Donuts voltará ao país no segundo semestre deste ano com novas estratégias. A companhia já teve operações aqui entre 1980 e 2005. "O Brasil é uma das maiores economias do mundo, a classe média vem crescendo e tem a cultura de consumo de café", afirma Jeremy Vitaro, vice-presidente de Desenvolvimento Internacional de Marca da Dunkin'Donuts. Segundo ele, a companhia fechou parceria com o grupo OLH para conduzir 65 lojas em Brasília e Goiás.
No momento, a Dunkin'Donuts está recrutando franqueados qualificados para montar unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro. "Buscamos franqueados com experiência na indústria de restaurantes, conhecimento do mercado local e forte capacidade financeira para desenvolver no mínimo 40 unidades em suas áreas de atuação nos próximos anos", afirma.
Diferentemente do passado, quando havia somente um operador para liderar todas as unidades no país, a marca aposta agora em master franqueados que vão agir regionalmente. "O Brasil é constituído por regiões com características culturais distintas e variadas formas de consumo", diz Lyana Bittencourt, diretora de marketing e desenvolvimento do Grupo Bittencourt, consultoria contratada pela marca para fazer estudos sobre a viabilidade da volta da Dunkin'Donuts ao Brasil.
Com 26 anos de atuação no país, a Dauper Biscoiteria de Gramado, no Rio Grande do Sul, comercializa mais de 40 itens para 300 empresas. Foi idealizada por Márcio Peres, que em 1998, ao voltar de uma temporada de estudos nos Estados Unidos, sentiu falta dos cookies no Brasil. Ele decidiu voltar para estudar no Instituto Americano de Panificação. A Dauper é hoje a líder na produção de cookies do país. Fornece cookies para a Hershey's com aplicação nas barras de chocolate. São os cookies da Dauper que estão presentes nos ovos de páscoa da Nestlé e nos sorvetes da Unilever, entre outros. O faturamento da empresa tem avançado 35% ao ano desde 2009 e em 2013 ampliou as vendas em 40%.
Nesse cenário promissor, decidiu apostar também em uma estratégia de lojas exclusivas da marca. A primeira foi inaugurada em 2012, em Canela (RS). Em agosto do ano passado, abriu seu primeiro espaço gourmet no Shopping Villa Lobos, em São Paulo. A experiência nessas duas primeiras lojas próprias serviu de base para um plano de franquias. "A meta é chegarmos a 200 lojas em cinco anos", comenta Raul Matos, diretor comercial da Dauper Biscoiteria. Até dezembro, serão inauguradas pelos menos 10 unidades na capital e interior de São Paulo. A Dauper produz 180 milhões de cookies e biscoitos por mês. E se prepara para uma nova fábrica em Canelas (RS).
Veículo: Valor Econômico