Com o número de demissões aumentando a cada dia e atingindo praticamente todos os setores da economia e níveis gerenciais, os programas de "outplacement" - pagos pela empresa que cortou o executivo para ajudá-lo a reavaliar a carreira e se recolocar- têm se tornado mais longos e requisitados. Na Lens & Minarelli, por exemplo, a procura aumentou em 20% desde outubro do ano passado. De acordo com José Augusto Minarelli, presidente da consultoria, sabendo das atuais dificuldades, muitos executivos que não têm esse benefício assegurado no contrato o solicitam no momento em que são desligados da empresa. Já os profissionais que têm direito ao programa estão negociando sua extensão. Com a diminuição das vagas e o aumento da concorrência, a recolocação tem levado mais tempo e, assim, os profissionais têm uma margem de segurança maior para que o processo traga resultados satisfatórios. "O benefício, que antes ficava em seis meses, pode durar agora até um ano. Geralmente chega-se em um acordo de nove meses, ", afirma.
Para Cláudio Garcia, presidente da DBM, especialista em transição de carreira, a preocupação dos executivos é natural no contexto da crise, mas o número de vagas para esses profissionais ainda é grande. "Para enfrentar as turbulências, muitas organizações olham para o mercado em busca de talentos. Ter maturidade e saber liderar, por exemplo, pode abrir muitas portas", diz. Outros itens que valorizam o executivo atualmente, segundo Garcia, é ter experiência em governança corporativa, regulamentação de mercado e capacidade de gerar resultado com poucos recursos.
A sócia-diretora do Career Center, consultoria de transição de carreira e desenvolvimento de lideranças, Karin Parodi, lembra que o momento realmente era mais favorável há pouco tempo, mas que manter a autoestima é fundamental. "O executivo hoje tem de por mais foco e energia na busca por uma nova posição e não pode se deixar contaminar pelas incertezas. É preciso sofisticar a estratégia, levando em conta a nova realidade do mercado e o cenário mais complexo", afirma.
Não se comportar como desempregado e manter uma atitude positiva são atitudes que Minarelli também aconselha e que fazem parte de um programa de "outplacement". "O executivo muitas vezes precisa reaprender a se posicionar no mercado, a se apresentar, a se mostrar disponível e usar seu networking de forma inteligente. O ajudamos a entender o que ele tem a oferecer para as empresas e o que elas estão procurando", afirma.
Veículo: Valor Econômico