Forte no Rio, patrocínio é mais raro em SP

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A crise econômica afetou pouco o carnaval das 12 escolas do grupo especial no Rio. Cada uma deve receber entre R$ 3,2 milhões e R$ 3,5 milhões no rateio da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa), pouco abaixo dos R$ 3,7 milhões de 2008, quando o grupo recebeu aporte de R$ 12 milhões da Petrobras, em parceria com Braskem e Unipar, hoje Quattor. 

 

As escolas esperavam que os recursos da estatal e das petroquímicas se repetissem neste ano, mas a Petrobras, sofrendo os efeitos da turbulência financeira, informou que não vai dar mais dinheiro. 

 

A crise, no entanto, não afastou o patrocínio de outras empresas. A Grande Rio, embalada pelo samba-enredo que trata da influência francesa no país em meio às comemorações do ano da França no Brasil, conseguiu muitos apoio de multinacionais francesas: cerca de R$ 8 milhões. Entre eles, estão L'Oreal, Peugeot, GDF-Suez e Pernod Ricard. 

 

Esta última trará a equipe da casa de espetáculos Moulin Rouge de Paris para desfilar na Grande Rio e participar do baile de carnaval do hotel Sofitel, promovendo a champanhe Mumm Cordon Rouge. "O Rio é um mercado importante, mas o carnaval carioca vai além, tem visibilidade nacional", diz o gerente de bebidas da Pernod Ricard, Bruno Corrêa. Tradicional apoiadora do carnaval brasileiro, a multinacional aumentou em 2009 suas ações para o período . 

 

Mais modesta que a concorrente Grande Rio, a Império Serrano garantiu quase todo seu carnaval com recursos da Liesa, mas tem apoio da cerveja Antarctica, da AmBev, nos ensaios da escola, em Madureira. A Império também recebeu da empresa de seguros Capemisa apoio financeiro na realização dos ensaios técnicos no sambódromo, etapa considerada fundamental para um bom desfile. "A Império não precisa pedir nada. Pagamos todas as contas, mas fazemos um carnaval de qualidade, nossos carros têm tudo, mas não é alto luxo, que nunca foi a nossa proposta", diz a vice-presidente da Império Serrano, Rachel Valença. 

 

A Antarctica apoia financeiramente e com bebidas ensaios de mais cinco escolas: Mangueira, Vila Isabel, Grande Rio, Imperatriz Leopoldinense e Acadêmicos da Rocinha. Em todas suas ações no carnaval carioca, que incluem patrocínios a 33 blocos de rua e ao "terreirão do samba" (espaço de shows populares ao lado do sambódromo), a companhia investe 25% mais que em 2008. 

 

Em São Paulo, a reclamação das escolas de samba é a mesma da do ano passado: sem glamour semelhante ao carnaval do Rio, as escolas dependem mais dos mecanismos de incentivo federal e estadual - respectivamente, Lei Rouanet e PAC - para atrair patrocinadores. "O problema é que os projetos não são aprovados a tempo e a escola vai para a avenida sem apoio", diz Sidnei Carriuolo, presidente da Liga das Escolas de Samba de São Paulo e da Águia de Ouro. "Por aqui, o patrocínio às escolas é meio fantasioso", diz. 

 

As escolas paulistanas contam com o apoio de R$ 2 milhões da SPTuris (valor 5% superior ao de 2008). Por escola, a quantia varia de R$ 300 mil a R$ 480 mil. Quem está no grupo especial recebe mais R$ 350 mil da bilheteria e cerca de R$ 300 mil da Rede Globo, que transmite com exclusividade o evento. Cada escola vive também da venda de ingressos para os ensaios. A Globo já renovou as cotas nacionais de patrocínio, no valor de R$ 18,5 milhões cada uma, com Bradesco e Nova Schin. Há ainda três cotas locais, vendidas em cada mercado. Na transmissão dos desfiles, só entram comerciais dos patrocinadores nacionais e locais. Já a Band tem a cobertura do Band Folia em diversas regiões, que conta com Coca-Cola, Unilever, Bradesco, UOL e AmBev como patrocinadores. Cada um injeta R$ 11,8 milhões. 

 

O espetáculo paulistano, diz o presidente da SPTuris, Caio Luiz de Carvalho, tende a ser mais valorizado porque abre a temporada. "O turista pode acompanhar a festa na sexta e no sábado (dias 20 e 21 deste ano), e depois se divertir em outros destinos", diz o executivo, que convidou 20 agentes de turismo e jornalistas da América Latina, além de 50 agentes brasileiros, para a festa. A infra-estrutura do carnaval tem os mesmos patrocinadores (Nossa Caixa, Sabesp e AmBev), que injetam juntos o mesmo valor de 2008 (R$ 3 milhões). Segundo a Ingresso Fácil, metade dos cerca de 25 mil bilhetes por noite foram vendidos até agora. 

 

Veículo: Valor Econômico


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