A ousada oferta hostil da suíça Roche

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Partir para uma oferta hostil de aquisição e ainda rever o valor da proposta para baixo parece bastante agressivo - especialmente quando a oferta original estava longe de ser generosa. 

 

A farmacêutica suíça Roche surpreendeu ao abordar diretamente os detentores da participação de 44% da americana Genentech que ainda não possui, mas com uma oferta menor, de US$ 86,50 por papel (ao todo, US$ 42 bilhões), meros 3% acima do preço de fechamento da ação na quinta-feira da semana passada. 

 

Em agosto, os diretores independentes da Genentech haviam rejeitado a proposta anterior, de US$ 89 por ação, o que então significava 9% a mais do que o valor de uma primeira pré-oferta. 

 

A Roche explica que, quando a situação ainda era amigável, estava disposta a pagar um pouco mais e que as especulações sobre a oferta sustentaram a cotação da Genentech enquanto outras do setor desmoronavam. Sim, até certo ponto. As ações da Genentech caíram em dezembro e recentemente se recuperaram, mas há dúvidas se a Roche poderia financiar o acordo. Os índices FTSE de biotecnologia e farmacêuticas dos Estados Unidos e do mundo caíram, respectivamente, 16% e 12% desde a primeira oferta da Roche. Muitas empresas dos Estados Unidos da mesma área da Genentech, entretanto, caíram bem menos. Algumas até subiram. 

 

As perspectivas da Genentech -sustentadas por medicamentos contra o câncer de altas vendas não foram afetadas pela recessão. Novos pedidos, atualmente em testes, para ampliar o uso do anticancerígeno Avastin poderiam até elevar sua cotação. 

 

Dentro do possível em que a oferta revisada para baixo pode ser "melhorada", a Roche deixou claro que realocará parte de suas operações nos Estados Unidos para as instalações da Genentech, em San Francisco, e que preservará as atividades de pesquisa e desenvolvimento básico do grupo como uma unidade independente. A Roche adquiriu a participação na Genentech nos anos 90 quando esta companhia ainda dava seus primeiros passos em direção ao hoje lucrativo mercado de medicamentos biotecnológicos, que respondem por grande parcela das receitas da empresa suíça. 

 

A opção por uma oferta hostil, no entanto, poderia prejudicar a cultura da empresa e traria o risco de alienar e perder alguns dos cientistas que ajudaram a construir a Genentech e que prezam pela sua independência. 

 

Portanto, embora haja riscos, os acionistas da Genentech deverão esperar que a ofertante suíça apareça com uma proposta mais atraente. A Roche teria muito a ganhar se conseguisse uma fatia maior dos lucros futuros da Genentech e promover sinergias de custo estimadas pelo banco UBS entre US$ 800 milhões e US$ 1 bilhão. Além disso, já se comprometeu demais com este acordo para voltar atrás agora. 

 

Veículo: Valor Econômico


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