Exportação da Nokia avança 52%

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A Nokia retomou com força as exportações de celulares em 2008, totalizando embarques de US$ 440 milhões ao longo do ano a partir da fábrica instalada em Manaus. Foi um avanço de 52% em relação a 2007, quando os embarques domésticos atingiram US$ 288 milhões. Com isso, a empresa passou a contemplar a meta estratégica definida pela corporação à sua fábrica brasileira, segundo a qual sua receita deve incluir no mínimo 20% e no máximo 30% em aparelhos voltados à exportação.

 

O presidente local da maior fabricante de celulares do mundo, Almir Narcizo, prevê que a fase de descumprimento dessa meta tenha chegado ao fim, e garante que nos próximos anos, assim como ocorreu em 2008, os embarques se estabilizem na faixa entre 20% e 30% almejada pela controladora.

 

Narcizo explicou que o ano de 2005 é que havia sido atípico, pois naquele período a fábrica de Manaus embarcou mais de US$ 1 bilhão. "Houve uma queda no mercado interno brasileiro e uma alta na demanda por exportações, e a combinação disso elevou as quantidades dos embarques do ano", afirmou. Hoje os volumes para o mundo ocidental estão bem repartidos entre Manaus e Reynosa, cidade mexicana onde a companhia tem outra fábrica. "Enquanto Manaus exporta para os Estados Unidos e Canadá, até porque a proximidade geográfica facilita e barateia a logística, a nossa fábrica supre os mercados da América Latina", afirmou Narcizo.

 

Em 2005, Reynosa ainda não estava preparada para atender aos EUA e, nesse meio tempo, Manaus conquistou um grande cliente americano. "De lá pra cá a situação é outra, e a meta é manter exportações limitadas, embora o dólar esteja novamente favorável", disse.

 

As coisas se acertaram com a escolha da fábrica da Zona Franca para sede mundial de produção do modelo 5610, que é o primeiro telefone de tecnologia de terceira geração (3G) a ser produzido no País e desde maio do ano passado isso vem ocorrendo para distribuição para o resto do mundo.

 

Aos olhos do mercado, o avanço das exportações da Nokia não faz jus, ainda, ao porte de maior do mundo, com 468 milhões de aparelhos fabricados em 2008, correspondendo a 39% do mercado global, e receita de US$ 50,7 bilhões. A americana Motorola, também instalada no País, em Jaguariúna (SP), tem exportado muito mais. Em 2008, por exemplo, seus embarques domésticos somaram US$ 1,75 bilhão. Ela é a maior exportadora do setor de eletroeletrônicos e tem planos, conforme sua assessoria de comunicação, de manter estável o nível de embarques apesar da crise internacional.

 

Rebolando na turbulência

 

As previsões da Nokia não são otimistas para a maior parte do mundo. "O consumo caiu significativamente", atestou o executivo brasileiro baseando-se nos números do balanço recente. No último trimestre do ano, as vendas líquidas foram 20% inferiores, baixando a US$ 12,6 bilhões depois de terem se fixado em US$ 15,7 bilhões no mesmo período de 2007.

 

O volume de aparelhos também experimentou recuo de 15%, passando de 131 milhões a 113 milhões de unidades na comparação entre os últimos trimestres de 2007 e 2008. Conforme afirma a matriz, sua participação no mercado mundial caiu para 37% no quarto trimestre, depois de ter sido 40% no mesmo período do ano anterior, e 38% no terceiro trimestre de 2008. A média do ano ficou em 39%, mantendo o 1º lugar do ranking.

 

O principal executivo da empresa, o CEO Olli-Pekka Kallasvuo, afirmou durante a divulgação do balanço, semana passada, que as suas expectativas são de os volumes comercializados no primeiro semestre serem menores do que os do segundo, conforme tem acontecido nos últimos anos, independentemente de crise.

 

E apesar da visibilidade ser muito prejudicada, Kallasvuo prevê um declínio nos volumes mundiais desse mercado em torno de 10% sobre o 1,2 bilhão de aparelhos vendidos em 2008, que cairiam a cerca de 1 bilhão em 2009.

 

Felizmente o Brasil ainda tem muito a crescer, atesta Narcizo, presidente da subsidiária há três anos. No ano passado, a empresa tomou a decisão de tabelar o dólar em R$ 1,90 em outubro, enquanto o câmbio explodia em R$ 2,40, para não inibir as compras de fim de ano das operadoras celulares. Pretendia ganhar fatia de mercado, mas os concorrentes Sony Ericsson, Motorola, Samsung, LG, Aiko defenderam ferozmente sua fatia seguindo estratégia da gigante de cortar na própria carne. Ao fim do período, a Nokia havia conseguido ampliar a distância em mais de dez pontos porcentuais para o segundo colocado, registrando 34% de participação em unidades comercializadas e 31% no total faturado, conforme dados do instituto Nielsen. A Motorola, que disputou o primeiro lugar do ranking durante um bom tempo, tendo levado a melhor com o sucesso do modelo Razr, passou a terceiro colocado em volume e segundo em valores. A LG ocupa as posições complementares.

 

Brasil conquista 8º lugar

 

Graças à evolução ocorrida no País, que ganha importância relativa com a redução do consumo registrada nos outros países, principalmente Europa e Estados Unidos, a operação brasileira da Nokia também muda de patamar no ranking mundial do grupo, evoluindo do 10º ao 8º lugar. "Deixamos Itália e Espanha para trás", comemora Narcizo. Ele acredita que a façanha será mantida, dado o fato de a crise atingir menos a América Latina que a Europa e os EUA.

 

Nos números de seu balanço mundial, Europa e América do Norte registraram redução nas vendas de aparelhos, de 2% e 19% na comparação de 2008 com 2007. O Oriente Médio e a África expandiram 7,1%, a China aumentou 0,8%, a Ásia-Pacífico ampliou 18,7% e a América Latina aumentou as vendas em 24,7%, o melhor resultado dentre todas as regiões.

 

Narcizo acredita que a Nokia tem condições melhores para enfrentar a crise, pois vem fazendo compras desde 2006, incluindo em seu portfólio empresas de serviços de mapas (Navteq e Gates5 AG), jogos (Sega), email (Intellisync Corp), música (Loudeye Corp) e propaganda no celular (Enpocket).

 

Além de contar com escala mundial muito acima das concorrentes, vai poder oferecer serviços às operadoras móveis e aos consumidores. "A empresa vem se preparando para a crise há 3 anos, com aquisições e investimento em pesquisa e desenvolvimento", afirmou. "Agora está diversificada e pode se reinventar", disse Narcizo.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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