A crise econômica tornou mais difícil a captação de recursos financeiros para apoiar atividades esportivas a partir de 2009, primeiro ano do ciclo olímpico que irá se encerrar em Londres em 2012. O universo de empresas interessadas em patrocinar as diferentes modalidades olímpicas encolheu.
Mesmo assim, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), responsável por organizar as delegações esportivas do país em eventos como os Jogos Pan-americanos e as Olimpíadas, acredita que os bons resultados obtidos em competições esportivas pode mudar esse quadro. Em dezembro, venceram os contratos de patrocínio que o COB mantinha com um grupo de grandes empresas e partiu-se para a renegociação dos contratos.
Dos seis patrocinadores oficiais que participaram do ciclo olímpico que começou em 2005 e encerrou-se em Pequim-2008, quatro estão em negociações para renovar os contratos: Olympikus, Femsa, Caixa Econômica Federal (CEF) e Petrobras. E dois - Oi e Sadia - comunicaram que não vão renovar e devem ser substituídos por outros patrocinadores. Cláudio Risco, gerente de relações esportivas da Olympikus, disse que as negociações para renovar o contrato com o COB estão em andamento e devem chegar a bom termo. " No caso de renovarmos, vamos transformar esse contrato em mais um negócio da empresa", disse Risco. Confirmou que a empresa poderá apoiar o COB valendo-se da lei de incentivo ao esporte.
Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo de esportes do COB, afirmou que, para 2009, a entidade apresentou três projetos para enquadramento na lei de incentivo ao esporte. Outros três projetos ainda poderão ser apresentados ao Ministério do Esporte ainda este ano. O COB busca empresas para captar os recursos. A crise tornou a captação mais difícil, mas as grandes empresas continuam interessadas em apoiar o esporte, diz ele.
Em um dos projetos aprovados na lei de incentivo, o COB quer captar R$ 20 milhões para a preparação do primeiro ano do novo ciclo olímpico. Outro projeto, ainda a ser aprovado, pretende captar R$ 14 milhões para desenvolver atividades esportivas com crianças a partir de 12 anos de idade.
No total, entre a captação via lei de incentivo e o repasse de recursos das loterias por meio da lei Agnelo/Piva, o COB poderá arrecadar R$ 115 milhões em 2009, quase 13% acima de 2008. O número não considera o aporte direto de patrocinadores privados.
Leonardo Gryner, diretor de marketing do COB, diz que a entidade busca fechar contratos com novos patrocinadores. "Três empresas manifestaram interesse de conversar, uma no setor de alimentos e duas que são concorrentes de patrocinadores nossos". Os seis patrocinadores oficiais que apoiaram o esporte olímpico via COB no período 2005-2008 aportaram R$ 3,8 milhões cada um durante esse período. Agora, apesar do cenário econômico adverso, o COB negocia com os patrocinadores oficiais cotas individuais de R$ 10 milhões para o período 2009-2012. Gryner diz que houve uma valorização do esporte olímpico brasileiro face aos bons resultados em competições, o que coloca as diferentes modalidades em posição favorável para negociar.
Gryner reconhece que em época de bonança haveria mais candidatos a patrocínio. Entre os antigos patrocinadores, a Golden Cross já havia dito, em novembro, que não renovaria o contrato de assistência médica com o COB.
A Petrobras confirmou, por sua assessoria, que analisa a nova proposta de patrocínio ao COB. Riccardo Morici, diretor de marketing da cervejaria Femsa, também confirmou que está em negociação com o comitê olímpico.
Veículo: Valor Econômico