Para se adequar à nova realidade econômica, com a perspectiva de um arrefecimento no consumo devido ao maior controle de gastos por parte dos consumidores, o varejo começa a replicar no Brasil ações que deram certo em redes internacionais. O Grupo Via Veneto, por exemplo, seguirá a tendência das companhias norte-americanas de investir mais no fortalecimento da identidade da marca para o consumidor como estratégia para não perder oportunidades de vendas.
A holding Via Veneto, detentora das marcas Brooksfield, Via Veneto e Harry's, referências entre o público de alto poder aquisitivo, seguirá o movimento de investir em um canal de comércio eletrônico (e-commerce), assim como fez a gigante Casas Bahia, que estreou no segmento esta semana. "Inicialmente disponibilizaremos 20 categorias entre roupas e acessórios. Serão os principais produtos comercializados pela Brooksfield", explica o diretor de TI da empresa, Ricardo Popescu.
O executivo preferiu não revelar o valor do investimento, mas pontuou que a meta para o novo canal é a que ele seja responsável por 5% das vendas no período de dois anos, receita equivalente ao das principais lojas da rede. Outra estratégia do grupo é lançar cartão de fidelidade e vale presente, cujos valores serão a partir de R$ 150 até R$ 2 mil, para não depreciar a margem.
A expansão da Via Veneto este ano focará mais as marcas Brooksfield e a Via Veneto, com a inauguração de 14 lojas nas praças onde a empresa já tem presença, financiadas com recursos de próprio caixa. Em relação à expectativa de faturamento para 2009, Popescu é cauteloso e estima alta de 8%. "Encaramos o atual cenário como desafiador, visto que também é uma oportunidade para crescer."
Na opinião de Adir Ribeiro, sócio diretor de Educação Corporativa do Grupo Cherto, a experiência de compra pela Internet cria um vínculo maior da empresa com o cliente, além desta ser uma modalidade que cresce cada vez mais no varejo.
Eletrônicos
No segmento de bens duráveis, a paulista Cybelar, sediada em Tietê, afirma que o consumidor passou a priorizar itens que atendam suas necessidades, mas com o preço mais acessível. "Estamos de olho nos indícios de que o consumidor está adequando suas compras e nossas compras futuras estarão de acordo com esta demanda", pontua Ubirajara José Pasquotto, diretor da responsável pela gestão de 63 lojas no interior.
O especialista em varejo, Marcos Gouvêa de Souza, sócio-diretor da consultoria Gouvêa de Souza & MD, sinaliza que da mesma forma que os norte-americanos, os brasileiros estão optando por marcas alternativas às líderes de mercado. "Agora que a água bateu na canela as cadeias de varejo decidiram se preparar investindo em tecnologia, em recursos humanos e gestão para acertar o passo e fisgar o consumidor."
Mesmo diante da incerteza do mercado, a Cybelar seguirá com seus planos ao mirar a inauguração de mais 12 lojas este ano, e, sobretudo, galgar faturamento 15% superior ao do ano passado. "A empresa está capitalizada e não depende de recursos externos para avançar com a expansão", enfatiza Ubirajara José Pasquotto, diretor da varejista.
Sem divulgar os resultados financeiros de 2008, ele contabiliza alta de 10% nas vendas em janeiro ante o mesmo mês do ano anterior, quando a empresa passava por um momento de ajustes operacionais. Entretanto, ainda no mês passado Pasquotto e sua equipe precisaram suar a camisa, visto que houve pressão da indústria para repassar aumento dos preços, com o intuito de ganhar mais margem, disse.
Dependendo da conjuntura econômica, o diretor avaliará a possibilidade de expandir as operações para o interior dos estados de Minas Gerais e Paraná. Além disso, até o próximo ano a meta é que todas os pontos-de-venda da companhia sejam sustentáveis, seguindo, inclusive, uma tendência internacional do setor, já bastante replicada no País.
Diversificação
A concorrente do setor de eletrônicos, Fast Shop, que passou a vender serviços de instalação e manutenção de seus produtos, se esforçará para ganhar mercado em São Paulo, principal praça de atuação. Segundo o gerente de Logística, Luis Fernando Zacchello, a rede terá 20 novas lojas este ano e sustenta a previsão de incrementar em mais de 10% o faturamento este ano, mais direcionado para o varejo físico que o canal on-line.
Veículo: DCI