O presidente da América Latina Logística (ALL), Bernardo Hees, não vê problemas nas mudanças que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) planeja fazer no modelo de concessões ferroviárias para melhorar o aproveitamento das linhas existente no país.
Segundo ele, a empresa usa toda a malha que possui no Brasil (13 mil quilômetros), mas diz que 20% dela é formada por trechos de baixa densidade. De acordo com a agência, as concessionárias estão explorando apenas 38% da malha cedida pelo governo, porque privilegiam regiões de maior demanda - ou seja, 62% da malha seria de baixa densidade. Hees admite que há locais com menos volume de transporte que o potencial a ser explorado, mas afirma que a empresa está trabalhando para torná-los viáveis economicamente.
"Tudo depende da forma como se consolidam as informações. Às vezes, num trecho passam dois ou três trens por dia, mas ele é de baixa densidade para o potencial que possui." O executivo comentou que as concessionárias estão trabalhando em conjunto com a ANTT e acrescentou que "o que está sendo interessante nesse processo" é que as partes envolvidas estão discutindo formas de trazer mais investimentos e crescimento para as ferrovias. "Isso é música para nós", afirma.
Na opinião de Hees, "ninguém tem interesse" em trecho de baixa densidade, mas em muitos casos é possível criar projetos que resultem em aumento da demanda. Cita, como exemplo, Antonina, no litoral do Paraná. "Era um trecho de baixa densidade dois anos atrás e hoje é um trecho normal, porque conseguimos viabilizar investimentos e contratos." Segundo ele, há outros locais que precisam ser trabalhados na malha da empresa.
Ontem, com a notícia sobre as medidas que poderão ser tomadas pela ANTT, os papéis da ALL fecharam o dia em queda de 6,8%, cotados a R$ 8,50. A Ativa Corretora vê o caso como "potencialmente negativo para a ALL", porque ainda não está claro se o governo pretende retomar apenas os trechos com baixo uso. A corretora Fator diz que "as mudanças não podem ser feitas de forma a desestimular o investimento privado, pois elas oferecem riscos para as concessionárias como a ALL".
Enquanto acompanha os projetos em andamento na ANTT, Hees afirma que a ALL está vivendo um de seus melhores momentos. Segundo ele, a crise e a quebra na safra não resultaram em alterações nos planos para 2009. "Vamos ter um trimestre positivo", diz. "Estamos investindo, contratando e vamos crescer."
Veículo: Valor Econômico