Safra menor na Argentina abre espaço ao óleo de soja do País

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O Brasil pode retomar parte do mercado de óleo de soja com a quebra na safra do grão na Argentina que, por sua vez, já está com parte do seu esmagamento afetado pela diminuição na oferta da matéria-prima.

 

Se confirmada a estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que projetou para a Argentina uma moagem de 34 milhões de toneladas, as azeiteiras do país vizinho passariam a trabalhar com menos de 70% da sua capacidade de produção, o que deverá impactar diretamente as exportações.

 

Desde o ano passado algumas empresas ensaiam uma reação brasileira nesse setor. A paranaense Imcopa, maior empresa de esmagamento de soja no Brasil, anunciou investimentos de US$ 250 milhões para os próximos cinco anos. Este mês a companhia comprou por US$ 7 milhões um equipamento de envase de óleo de soja que deverá entrar em operação em abril de 2010. A aquisição permitirá ampliar a capacidade de produção para 18 milhões de garrafas de óleo por mês, o que equivale a uma produção mensal de 22,9 mil toneladas de óleo.

 

De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (IMEA), a capacidade de esmagamento de soja no Estado do Mato Grosso, principal produtor de soja no Brasil, deverá aumentar para 33,9 milhões de toneladas na safra 2009/2010, ante 27,5 milhões observados em 2008.

 

Após o decreto da Lei Kandir, que oferece vantagens tributárias na exportação de soja in natura, o Brasil vem perdendo ano a ano mercado para a Argentina. Só nas últimas cinco safras a produção interna caiu 11,4% (de 2,4 milhões de toneladas para 1,7 milhão) enquanto as exportações tiveram um decréscimo de 29,2% (de 5,3 milhões de toneladas para 4,7 milhões de toneladas).

 

"Com relação às exportações de farelo e óleo, o que se viu foi que nosso estado deixou de agregar valor ao seu principal produto. Em relação a 2005 o Mato Grosso exportou proporcionalmente o mesmo volume de farelo de soja, 27,2%, já as vendas de óleo representaram 5,9% do embarcado em 2005, e no ano passado esse valor caiu para 3,5%", afirmou Maria Amélia Tirloni, técnica do IMEA e responsável pelo boletim semanal do órgão.

 

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), reduziu sua previsão para a safra de soja pelo terceiro mês seguido, para 58,1 milhões de toneladas. Em novembro de 2008, antes de a seca se intensificar, a estimativa da entidade era de 61,4 milhões de toneladas. Em contrapartida, a previsão para o processamento da soja ficou estável em 32,2 milhões de toneladas, um pouco acima dos 32,1 milhões verificados na temporada passada.

 

Na Argentina a redução da oferta já faz grandes companhias buscarem alternativas na aquisição da matéria-prima. A Noble Argentina acaba adquirir uma área na região de Salta, no Norte do país, para abastecer sua nova planta de esmagamento que deverá entrar em funcionamento em 2010. "Começamos com Salta porque é uma zona onde a agricultura está crescendo muito", relatou Ezequiel Kiener, gerente de originação da Noble Argentina, na Infocampo.

 

Os prognósticos desfavoráveis para esta safra no país, em razão dos problemas climáticos e a divergência do setor produtivo com o governo argentino, podem mudar os planos de expansão da companhia. "Nossos objetivos estão orientados a seguir crescendo, por isso estamos investindo na nova planta, mas tudo depende de como seguirá a situação local", disse Kiener.

 

Os moinhos argentinos já operam abaixo da capacidade total de produção desde o segundo semestre do ano passado. Por conta dos impostos para exportação implementados pelo governo no início de 2008, as plantas da região de Rosário, que detém cerca de 90% do processamento de grãos do país, ficaram quase paralisadas e no final do ano o setor agroindustrial começou a mostrar sinais de desaceleração.

 

Mesmo sem números oficiais a Associação dos Produtores de San Lorenzo calculam que entre 400 e 500 operários foram afetados pela suspensão das atividades ou férias coletivas, sobretudo em plantas da Dreyfus, Vicentín e Buyatti. A escassez da produção das esmagadoras fez com o preço do frete chegasse a cair até 60% no período.

 

O Brasil pode retomar parte do mercado de óleo de soja com a quebra na safra do grão na Argentina que, por sua vez, já está com parte do seu esmagamento afetado pela diminuição na oferta da matéria-prima. Se confirmada a estimativa do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que projetou para a Argentina uma moagem de 34 milhões de toneladas, as azeiteiras do país vizinho passariam a trabalhar com menos de 70% da sua capacidade de produção, impactando as exportações. Desde 2008, algumas empresas ensaiam uma reação brasileira no setor. A paranaense Imcopa, maior empresa de esmagamento de soja do País, anunciou investimentos de US$ 250 milhões em cinco anos. O grupo comprou, por US$ 7 milhões, um equipamento de envase de óleo de soja que deverá entrar em operação em 2010.

 

Veículo: DCI


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