Produtores de óleo de oliva fazem investida para ligá-lo à saúde e ampliar mercado
DIOGO BERCITO
EM MADRI
Em anos de indicadores econômicos negativos, o mercado de azeite de oliva espanhol pode se gabar. A exportação do produto ao Brasil foi de 9,8 mil toneladas em 2009 para 16,4 mil toneladas em 2013, de acordo com dados da Sociedade Espanhola de Comércio Exterior.
A Espanha, um dos países europeus em que a crise financeira bateu com mais força, tem investido justamente na exportação como uma de suas soluções, aliada à austeridade, para recobrar o vigor econômico.
O azeite é promovido por diversas entidades do país, como a Interprofissional do Azeite de Oliva Espanhol, que reúne agricultores, refinadores, exportadores.
O grupo realizou recentemente uma ação em São Paulo, com o que chamou de "Embaixada da Boa Vida". Ali, a entidade vendeu a ideia de que o azeite é, além de um bem de exportação, um adicional para a saúde.
PARTE DA CULTURA
"O azeite é cultural", afirma José Pont, vice-presidente da Interprofissional. "Nossa gastronomia gira em torno dele."
Pont afirma que a crise financeira, que não afetou as suas exportações de azeite, também não fez despencar o consumo interno do produto na Espanha.
De acordo com Antonio López, responsável pela cooperativa DonLope, o consumo per capita espanhol está em torno de 12 litros anuais. No Brasil, é de 0,26 litro por ano.
A DonLope foi criada há pouco mais de um ano, reunindo cooperados da região de Córdoba, onde o plantio de oliveiras é tradicional. A produção do grupo, especializado em azeite extra virgem, está em torno de 15 milhões de litros ao ano.
Para viabilizar o negócio, a venda é feita diretamente ao consumidor. López afirma que o preço final fica entre 20% e 30% mais barato.
MERCADO
A Espanha, maior produtor mundial de azeite, é o segundo maior exportador para o Brasil, superado por Portugal. A competição no plano global inclui a Itália.
Há um movimento produtivo recente no norte da África, mas López não vê ameaça ali. A oliveira leva anos para produzir azeitonas, e as árvores que sua cooperativa cultiva são centenares, diz. "É uma produção de tempo, de tranquilidade, não afetada pelas crises."
Assim como os produtores da Interprofissional, a DonLope aposta nos benefícios do azeite para a saúde.
Durante seus estudos de mercado para entrar no Brasil, porém, o cooperado se surpreendeu com os preços de seus futuros concorrentes. "São muito altos. O azeite no Brasil é um produto gourmet. Não parece estar introduzido ao tecido social", diz.
Veículo: Folha de S. Paulo