ENVIADA AO RIO GRANDE DO NORTE E AO CEARÁ
Apesar de manter até hoje um consumo crescente que vem desde o início do governo Lula, o nordestino ainda vive uma era de consumo defasado, segundo especialistas em varejo.
Mesmo em grandes redes de supermercados, os clientes locais ainda se abastecem de itens básicos, enquanto em outras regiões houve uma migração maior para produtos tidos como premium.
"Eles ainda estão ingressando na pirâmide de sofisticação de produtos", diz o especialista em vendas e marketing Adriano Amui, professor da ESPM.
Estudo do instituto Nielsen, que monitora a venda de produtos nos mercados de quase todo o país, revela discrepâncias no padrão de compras no Nordeste.
Na região, o leite em pó, por exemplo, é o quinto item mais vendido. No restante do país, é o 36º.
Nas principais redes visitadas pela Folha, o produto em pó (que rende ao ser misturado na água) ocupa posição mais privilegiada nas gôndolas do que o leite de caixinha --19ª mercadoria mais vendida no Nordeste; 5º no restante do país.
Isso também ocorre com outras categorias de maior valor agregado, que são menos vendidas na região. É o caso dos chocolates e dos sorvetes.
A preferência é por produtos que "dão sustança", segundo Roberto Trindade, 71, carioca que mudou seus hábitos alimentares há 19 anos, quando foi morar em Natal.
"Aqui se come muito biscoito de farinha e papa de aveia", diz o aposentado, descrevendo a receita.
Na lista de produtos mais vendidos, a categoria de complementos alimentares à base de cereais aparece em 25º lugar em vendas no Nordeste e em 59º no restante do país.
A dona de casa Francineide Marques, 30, diz que até prefere produtos mais modernos, como sabão em pó, mas a inflação às vezes a força a optar pelo produto em barra. Item de menor valor agregado, o sabão em barra é o 36º mais vendido no Nordeste e o 69º nas outras regiões.
O Norte não entrou no levantamento, pois representa só 4% do potencial de consumo brasileiro.
(JC)
Veículo: Folha de S. Paulo