Mais uma má notícia para a balança comercial brasileira de 2015. As exportações brasileiras de suco de laranja estão sendo feitas com perda de 49% no valor da tonelada neste início de ano, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Essa queda, por considerar apenas os primeiros dias do mês, pode estar distorcida, mas a tendência é realmente de recuo nos preços, segundo o próprio setor. As negociações do suco estão sendo feitas a US$ 1.800 por tonelada, 25% menos do que há um ano. A perda é de US$ 400 por tonelada, o que significa um recuo próximo de US$ 400 milhões nas receitas com as exportações.
Um dos motivos dessa queda se deve à Rússia, país que fechou as suas fronteiras às importações de maçã da Polônia e da Europa, em agosto de 2014, devido à crise política na Ucrânia. Em média, os russos importavam 1,4 milhão de toneladas de maçã "in natura" da Polônia por ano. Sem as compras russas, a fruta foi para a industrialização, elevando o volume de sucos de frutas.
O suco de maçã, que detém 16% de participação do mercado mundial de sucos, é o principal concorrente do de laranja, que detém 34%. Uma das desvantagens do suco brasileiro é que o de maçã é industrializado na própria Europa, chegando ao mercado com maior competitividade. Além disso, não sofre a tributação de 12,5%, como ocorre com o suco de laranja importado do Brasil.
Mas a queda ocorre também devido a problemas no mercado brasileiro. Mesmo com a quebra de safra de laranja no ano passado, a fruta teve um rendimento melhor, devido à seca. O resultado foi que a produção de suco supera 1 milhão de toneladas e mantém os estoques não muito distantes dos de 30 de junho de 2014, quando eram de 533 mil toneladas. A previsão era de um retorno para o patamar desejável de 350 mil.
Diante dessa expectativa do volume de estoques, algumas empresas brasileiras estão desovando uma quantidade maior de suco para fazer caixa e cobrir dívidas no curto prazo. O resultado é um mergulho ainda maior dos preços do produto.
Veículo: Folha de S. Paulo