Classe C poupa mais e tem evitado dívidas de longo prazo

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Após aprender de forma problemática a organizar as finanças, a população passou a racionalizar as compras, a buscar preços atrativos e a evitar os juros

 

 



Diferentemente do que aconteceu entre os anos de 2010 e 2012, a atual classe C está mais contida nos gastos. Inadimplência e endividamento são as maiores preocupações dessa parcela da população, que diz estar poupando mais e pesquisando preços antes de concretizar a compra.

"O consumidor da classe C no Brasil está mais maduro. Tem consciência de quanto ganha ao mês e o quanto gasta", explicou o presidente do Serviço Central de Proteção ao Crédito (Boa Vista SCPC), Dorival Dourado. O levantamento realizado pela entidade apontou que 96% dessa parcela da população aprenderam a pesquisar preço. "A compra por impulso não acontece de forma tão constante como antes. Hoje, eles pesquisam pela internet, vão às lojas e verificam os preços antes de comprar", explicou.

Um dos pontos destacados por Dourado ao divulgar o estudo sobre os novos hábitos dos 'emergentes' - entre os que responderam a pesquisa da entidade -, 85% disseram fazer algum tipo de controle de quanto gastam e de quanto recebem no mês.

Como uma das práticas para controlar os gastos, 53% deles afirmaram listar apenas o que precisam comprar e 51% fazem planilha eletrônica ou manual. "Eles estão mais preocupados. Controlam melhor o dinheiro e deixam de comprar quando a renda está comprometida demais", disse Dourado.

Outro ponto de destaque do estudo foi a maior preocupação com relação ao futuro. Dos participantes, 49% deles afirmam que conseguem guardar dinheiro no final do mês. Destes, 74% declaram conseguir até poupar acima de R$ 100. Já 21% deles guardam entre R$ 51 e R$ 100 e 5% poupam até R$ 50.

Aprendizado

Na opinião do professor do Centro Universitário Newton Paiva (MG), Leonardo Bastos, o varejista deve estar atento a todos esses sinais de amadurecimento. "Eles não conseguem mais ludibriar o consumidor como faziam antes", disse ele.

O analista explicou, em entrevista ao DCI, que o consumidor da classe C tem dado sinais reais de que não compra mais por impulso e, de certa forma, consegue fazer conta antes da aquisição. "Eles sabem definir perfeitamente o custo dos produtos à vista e quanto de juro cobrado afeta o preço final do produto."

A pesquisa da Boa Vista SCPC apontou também que o conceito de economizar começa a ser empregado por essa parcela economicamente ativa, antes vista como consumista. "Eles aprenderam a racionalizar os gastos. 41% dos entrevistados afirmaram diminuir despesa com água; 52% cortaram as idas aos restaurantes. Eles também reduziram gastos com saúde", falou Dorival Dourado.

A redução de gastos com a conta do restaurante aparece em primeiro lugar para os consumidores das regiões Sudeste (56%) e Centro-Oeste (52%). Já no Nordeste, o destaque é na redução de energia (70%). No Norte, os gastos com a compra de itens de vestuário (57%).

Sem dívidas

Mais atentos à conjuntura econômica do País, esses consumidores estão menos dispostos a se endividar. 46% dos respondentes disseram escolher o menor prazo possível ao efetivarem uma compra parcelada. Em uma situação de compra de maior valor agregado, 72% dizem levar em consideração se a parcela caberá no orçamento. "Os indicadores de otimismo mostraram queda o ano passado inteiro. Isso interfere diretamente nesta escolha", declarou Dourado.

Quanto aos hábitos de compras, 57% discordam totalmente de que sejam influenciados por ofertas no momento da compra, e que acabariam comprando mais do que está planejado. "Não dá para dizer que a promoção no ponto de vendas não é chamativa. Como eles pesquisam mais, os varejistas devem estar atentos a todos os seus canais de venda para evitar frustração", analisa Bastos.

A pechincha volta a ser moda entre esses consumidores. Afinal, 80% deles afirmaram ainda negociar o preço antes de finalizar a compra. "Eles vão atrás do que trará benefícios", concluiu Bastos.





Veículo: DCI


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