Em compensação, varejo tradicional pode registrar perdas de 20% em relação ao ano passado, segundo a CDL-POA
Há 12 anos, o italiano Giuseppe Ferraro vende serpentinas, espumas e máscaras de Carnaval no Centro de Porto Alegre. No tradicional ponto da rua Senhor dos Passos, conhecido pelo comércio de fantasias, ele e os vizinhos lojistas esperam recuperar as baixas vendas de janeiro com o movimento do feriado. As expectativas dos comerciantes estão altas, porque os 23 blocos que já começaram a animar o Carnaval de rua da Capital movimentam, além das vias, o comércio de adereços carnavalescos.
Apesar da empolgação do comerciante, o aumento das vendas diz respeito somente às fantasias. Isso porque, segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), Gustavo Schifino, os negócios do varejo durante o Carnaval devem cair 20% em relação ao feriado do ano passado. A queda segue a maré do baixo desempenho do comércio em janeiro, com redução estimada entre 2% e 4% em relação ao mesmo mês no ano passado. O decréscimo também é explicado pela data, que, diferentemente do ano passado, este ano cai próxima ao final do mês, quando muitos consumidores já esvaziaram os bolsos. Em 2014, o Carnaval foi festejado em 4 de março, com os salários ainda em mãos.
As expectativas positivas do comerciante da Senhor dos Passos vão ao encontro das projeções da entidade em relação ao consumo de fantasias e artigos específicos de Carnaval, que deve avançar 10%. “Há alguns anos, observa-se um crescimento da venda desse tipo de produto, pois a produção carnavalesca amadora está maior”, justifica Schifino. Ferraro conta que os foliões que se divertem nos blocos de rua em Porto Alegre gastam, em média, R$ 30,00, especialmente com acessórios como tiaras, chapéus com lantejoulas e colares de havaiano. Segundo ele, as vendas estão maiores com a volta dos foliões ao Carnaval de rua, do que como era antigamente, nos tradicionais bailes nos clubes.
Produtos de Halloween podem superar os de Carnaval
O comércio de fantasias para a tradicional festa da cultura inglesa e norte-americana Halloween cresceu tanto no ano passado que a previsão é que deixe o Carnaval para trás em número de vendas neste ano, segundo lojistas do Centro de Porto Alegre. Segundo o proprietário da Glow Festas e Fantasias, Fernando Scherer, as vendas de adereços e fantasias na semana do Carnaval aumentam entre 50% e 70%, em relação a outras semanas do ano, mas, mesmo assim, devem ficar abaixo do Halloween.
Para a festa típica brasileira deste ano, Scherer não precisou aumentar as encomendas, pois os estoques já estavam cheios com a baixa das vendas de janeiro. Nesta semana, no entanto, a loja pode respirar mais tranquila. Somente na segunda e na terça-feira, por exemplo, vendeu 210 máscaras venezianas, o dobro de artigos comercializados durante a semana passada inteira.
Apesar do usual movimento fraco no comércio durante o Carnaval, outros setores, além do de fantasias, também são beneficiados pelo feriadão, como destaca o presidente da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV), Vilson Noer. Um deles é o setor de móveis e eletroeletrônicos. “A segunda-feira anterior ao feriado costuma ser de alta nas vendas de bens duráveis, quando as famílias reunidas estão de folga”, explica Noer.
Nos supermercados, os produtos mais consumidos pelos foliões no Estado são cervejas, energéticos e carne para churrasco, segundo o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo. “A organização dos blocos de rua proporciona um consumo grande de bebidas”, projeta Longo. Peixes para a Quarta-feira de Cinzas também entram na lista de produtos amplamente consumidos.
Promoções ajudam a atrair os clientes de última hora
No Centro da Capital, algumas lojas apostam em promoções de alguns produtos carnavalescos, como já é de praxe na semana anterior ao feriadão. Na SV Fantasias, o preço de uma caixa com 24 unidades de espuma de Carnaval caiu de R$ 84,00 para R$ 79,00. Outro kit com acessórios de mulher-gato passou de R$ 24,90 para R$ 19,90. “Os clientes pedem descontos, então já antecipamos para chamar para a nossa loja”, explica a vendedora Fabiana Boneberg.
É forte o movimento na loja de clientes que procuram por fantasias infantis, pois algumas escolas e clubes organizam festas de Carnaval para crianças. A expectativa é de que a venda de roupas para crianças, que costuma ser de 100 por semana, triplique até sexta-feira. A SV Fantasias deixou uma costureira de plantão esta semana, a espera de encomendas de última hora.
Recreacionista de um espaço infantil no Shopping Praia de, Belas Bianca Maia estava à procura de uma fantasia infantil para trabalhar fantasiada durante o feriadão. Encontrou uma roupa da personagem Emília, do Sítio do Picapau Amarelo, acompanhada da peruca, por R$ 81,90. “É preciso pesquisar. Encontrei exatamente a mesma fantasia em outra loja por R$ 85,00”, conta a cliente.
Veículo: Jornal do Comércio - RS