Convidado a participar do evento que marcou um ano da assembleia de criação do Instituto Gaúcho do Leite (IGL), o subprocurador-geral do Ministério Público do Estado (MPE), Marcelo Lemos Dornelles, deixou claro que as ações de investigação do órgão sobre o leite produzido e processado no Rio Grande do Sul terão continuidade em 2015.
Apesar de todo o barulho em torno das operações Leite Compen$ado, das prisões e condenações, os fraudadores continuaram a agir, motivados, na avaliação do subprocurador, pela sensação de impunidade e pela ambição por lucro.
– Cessar não vão (as fraudes), mas estamos trabalhando em parceria com todas as entidades do setor para que diminuam – afirmou Dornelles no evento. A oitava etapa da Leite Compen$ado é apenas uma questão de tempo. MPE e Ministério da Agricultura seguem o trabalho de parceria que permitiu detectar diferentes problemas no leite ao longo dos últimos dois anos. E a fiscalização não pode ser vista como algo ruim. O problema não é fiscalizar, é fraudar.
– A cadeia como um todo tem de restringir, de limitar as fraudes. Temos bons índices de qualidade no leite no Rio Grande do Sul – afirma Ardêmio Heineck, diretor-executivo do IGL. Se a notícia da fraude causa impacto negativo nas vendas, como aponta a indústria, está na hora de o Rio Grande do Sul usar outra abordagem: a de que é o Estado que mais monitora sua produção.
– Nosso leite é o mais fiscalizado. Não é só no Sul que acontecem as fraudes. Só que ninguém além dos gaúchos e catarinenses se debruçou sobre o problema – avalia o promotor Mauro Rockenbach. Tanto que o MPE está recomendando a outros Estados que se organizem para reforçar a fiscalização. O trabalho iniciado aqui deverá servir de modelo a outras unidades da federação que estiverem interessadas em atestar a qualidade de seus produtos.
OBRAS NO CAMINHO
O projeto de ampliação do Porto de Rio Grande exigirá neste ano uma cota de sacrifício por parte da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa), que corre o risco de ser extinta.
A unidade em Rio Grande tem função ativa no embarque de arroz gaúcho. Cerca de 30% do cereal exportado costuma passar pelo terminal. Neste ano, com as obras de ampliação do cais – que começaram pelo setor onde fica o terminal – não será possível embarcar produto pela estrutura da estatal.
– A Cesa hoje não é um terminal, é um canteiro de obras. Tínhamos a consciência de que isso ocorreria, mas precisamos de reconhecimento para abrir espaço nos outros terminais – afirma Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS).
A preocupação se dá especialmente no período entre abril e junho, quando a soja ganha prioridade total nas exportações do porto. Além da Cesa, há terminais privados que escoam a produção gaúcha.
Secretário-adjunto de Transportes e Mobilidade, Humberto Canuso diz que a informação repassada na transição de governo foi de que esse volume de arroz havia sido realocado:
– Vamos olhar como está essa situação. Para que não se tenha prejuízo, buscaremos informações detalhadas até o final desta semana ou início da semana que vem.
Veículo: Zero Hora - RS