Segundo entidades empresariais, a alta do dólar frente ao real e a queda do consumo no mercado interno brasileiro podem favorecer exportações de arte e de inovação
A alta do dólar frente ao real e o enfraquecimento do consumo no Brasil irão estimular as exportações da indústria criativa neste ano, segundo estimam associações da área.
Composto por segmentos variados, como vestuário, calçados, joias, obras de arte, design, música, audiovisual, entre outros, o setor também é uma aposta dos especialistas para elevar a agregação de valor nas vendas externas do País.
Na indústria têxtil e de confecção, por exemplo, a expectativa é que as exportações se elevem em cerca de 3% a 5% no ano de 2015, reduzindo um pouco o déficit comercial do setor.
O diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, diz que a indústria vem registrando saldo comercial negativo crescente desde 2005, e relaciona esse movimento à ausência de políticas de Estado voltadas à área produtiva e aos poucos acordos comerciais firmados pelo Brasil. "No entanto, a alta do dólar deve ajudar as nossas exportações neste ano", afirma Pimentel. "Além disso, estamos com um PIB [Produto Interno Bruto] recessivo e uma inflação alta. Com isso, não há uma expectativa de evolução do consumo em 2015, que deve se manter em baixa, com viés de baixa", acrescenta o representante.
A meta da indústria têxtil e de confecção é elevar as suas exportações em cerca de 12% nos próximos dez anos, passando de uma receita de US$ 1,176 bilhões, registrada em 2014, para uma soma entre US$ 6 bilhões e US$ 7 bilhões, semelhante ao que o Brasil costumava exportar na década de 1980. "Para isso acontecer, o governo vai precisa criar condições de competitividade", ressalta Pimentel.
Obras de arte
Segundo conta o diretor da Abit, outra forma de trabalhar para que cresçam as vendas externas, tanto de moda como de outros segmentos criativos, é atuar junto a projetos da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). "A Apex tem sido fundamental para ajudar a indústria criativa a exportar", diz.
De acordo com o gerente de economia criativa da agência, Igor Queiroz Brandão, houve um crescimento significativo na exportação de arte entre os anos de 2012 e 2013, por parte das empresas que participam dos projetos da Apex.
"Muitas galerias de arte brasileira passaram a exportar para mercados maduros, como o europeu e o norte-americano", relata Brandão. "O valor das vendas externas de obras visuais, esculturas, instalações e tudo o que envolve arte contemporânea, passou de US$ 27 milhões, em 2012, para uma soma de US$ 52 milhões, em 2013. No ano passado, essa receita foi um pouco menor, em US$ 35 milhões, mas não fechamos esse número oficialmente ainda. É bom lembrar que esses dados são referentes somente às exportações das empresas que participam dos projetos da Apex", finaliza Brandão.
Apesar da queda nas vendas de arte em 2014, o diretor da agência ressalta que a análise qualitativa para o setor é positiva. "As galerias brasileiras têm uma boa recepção internacional e o País tem participado de eventos importantes na área", diz ele. "A produção intelectual do serviço oferecido pelo Brasil é muito bem avaliada internacionalmente", acrescenta.
Jogos eletrônicos
Um dos destaques dos projetos da Apex é o desempenho da venda externa de jogos eletrônicos. Em 2013, a agência esperava que as exportações do setor pudessem gerar US$ 1,4 milhão. No entanto, as vendas ao mercado externo acabaram rendendo uma soma de US$ 3 milhões às empresas, o dobro das expectativas da Apex.
O setor de joias, por sua vez, já consolidado no mercado externo, também tem mostrado resultados interessantes. Segundo Brandão, entre 2010 e 2014, as joalherias brasileiras conseguiram exportar US$ 553 milhões ao mercado internacional. "As empresas de joias apoiadas pela Apex exportam 68% do total vendido pelo setor no Brasil", informa.
Além disso, o valor médio exportado por cada empresa apoiada pela agência cresceu no período de 2010 a 2014. Enquanto naquele ano cada joalheria vendeu US$ 144,4 mil ao mercado externo, no ano passado essa soma foi para US$ 215,6 mil por empresa.
Já no segmento de moda, a Apex planeja realizar mais de 400 ações, envolvendo rodadas de negócios pelo mundo. Dentre os mercados prioritários na agenda do setor estão os EUA, França, Itália e Japão.
Veículo: DCI