Varejo de alimentos e roupas ignora a crise

Leia em 5min

Os segmentos de alimentação, franquias e vestuário deverão engrenar um ritmo de crescimento maior em relação às outras áreas do comércio varejistas neste primeiro trimestre, absorvendo menos o impacto da crise financeira. É o que estima Patricia Vance, professora do Programa de Administração do Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA). Ela aponta a que na área de vestuário, players como Lojas Marisa, C&A, Lojas Renner, Pernambucanas e Lojas Riachuelo não sofrerão grandes abalos atribuídos à desaceleração do consumo. "Essas companhias estão capitalizadas e têm poder de barganha junto aos seus fornecedores, e não possuem moda voltada exclusivamente para a baixa renda, que dependem muito de artigos importados."

 

A especialista comenta como deverá ser este começo de ano, depois de um período de maturação da turbulência internacional, que afetou o desempenho consolidado do setor. O mercado previa ultrapassar dois dígitos de crescimento em 2008, e superar a marca histórica de 2007, mas alcançou ano passado alta de 9,1%, o que ainda é um cenário surpreendente, apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Um termômetro deste começo de ano menos volátil pode ser atribuído a uma das principais redes de lojas especializadas em moda feminina, a rede Marisa, que manteve o ritmo de crescimento no quarto trimestre do ano passado e reportou lucro líquido de R$ 42,592 milhões, o que representa uma alta de 35,3% frente ao mesmo período de 2007. O ano foi encerrado com 217 pontos-de-venda, dos quais 110 são lojas de rua e 107 estão instalados em shopping centers.

 

Outro fator que deu impulso à empresa foram os R$ 120 milhões injetados no caixa da companhia ano passado, depois da parceria com o Itaú, que por 10 anos distribuirá produtos de sua subsidiária financeira, a Itaú Holding Financeira, diretamente a clientes da varejista. Fruto do novo acordo, foi criado um cartão de crédito com ambas as marcas, vendido nas unidades da Marisa.

 

A varejista afirma que ao longo dos seus 60 anos, "já enfrentou e superou grandes turbulências nacionais e internacionais, e está preparada para a desaceleração econômica que possa ocorrer no ano". Por isso, trabalhará com três cenários projetados para 2009 e adequará suas despesas para um cenário mais pessimista. Algumas ações colocadas em prática já em 2008 e que serão intensificadas são readequação dos preços de alguns produtos, sem perder margem; negociação com os fornecedores para compra de volumes maiores de produtos e melhor ajuste dos estoques.

 

"A crise atingirá mais o varejista que não tem preço competitivo e acesso fácil a crédito. A Marisa está capitalizada para segurar esta situação adversa no varejo, e desde a abertura de capital, profissionalizou sua gestão", pondera Patricia Vance, do Provar. Na comparação com dezembro de 2007, uma das principais quedas ocorreram em tecidos, vestuário e calçados, registrando recuo de 6,3%.

 

Supermercados

 

O setor de alimentação, representado pelos hiper e supermercados, foi a âncora da expansão de vendas em 2008, responsável por 29,4% da variação anual no comércio varejista. O segmento manteve desempenho inalterado ao longo do ano. "Este é o setor menos sujeito aos impactos gerados no índice de confiança e da oferta de crédito, uma vez que a renda e o nível geral desemprego não se alteraram substancialmente", diz Marcelo Waideman coordenador do Núcleo de Estudo & Pesquisas Econômicas da consultoria de varejo Gouvêa de Souza & MD.

 

O Wal-Mart Brasil, por exemplo, anunciou ontem que aplicará R$ 132 milhões no Estado de Santa Cataria para a construção de seis novas lojas e reforma do Maxxi Atacado de Itajaí, atingido pelas enchentes na região em 2008. O foco na expansão será com a bandeira atacadista do grupo. Enquanto isso, a concorrente Carrefour segue com a expansão da marca DIA - caracterizado por supermercado de vizinhança - em Diadema, que recebe hoje sua quinta loja.

 

Franquias

 

A holding especializada em gestão de franquias Grupo Ornatus, que detém as marcas Jin Jin Wok (culinária asiática), Morana Acessórios (bijuterias) e Balonè (acessórios infanto-juvenis licenciados pela Disney), contabilizou ano passado ganhos na casa dos R$ 100 milhões, 8% mais que 2007. Com 160 unidades em operação no grupo, Eduardo Morita, diretor de Marketing, revela que a companhia planeja inaugurar mais 100 unidades no decorrer deste ano, com ênfase nas redes de acessórios.

 

"Apesar de termos sentido os efeitos da crise em relação à marca Morana, nós trabalhamos para reverter isso, pois tanto no País como nas operações internacionais o mercado de acessórios tem potencial ", afirma. A estimativa é que este mercado movimente ao menos R$ 600 milhões por ano.

 

Mesmo com queda das vendas, nos Estados Unidos e em Portugal, de quase 50% em relação a 2006, quando o negócio estava a todo vapor, estão mantidos os planos para o exterior, tanto que em janeiro a capital colombiana Bogotá recebeu uma loja da rede. "Nos próximos 5 anos planejamos saltar de cinco para 100 lojas, instaladas principalmente na América Latina e Caribe."

 

Outra franqueadora com planos ambiciosos para 2009 é a Griletto, de restaurantes de grelhados e parmigianas formada por 14 unidades que mira alcançar 30 até o final do ano. Fundada pelo empresário Ricardo José, a empresa faturou em 2008 R$ 19 milhões e para este ano prevê R$ 19,8 milhões.

 

Os segmentos de alimentação, franquias e vestuário deverão ter um ritmo de crescimento maior em relação às outras áreas do varejo neste trimestre. No resultado consolidado de 2008, o setor viu alta de 9,1%.

 

Veículo: DCI


Veja também

Pague Menos cria área de novos negócios

A Pague Menos, que garante ser a maior rede de farmácias do Brasil, anuncia a contratação de Carlos...

Veja mais
Dell negocia parceria com varejistas brasileiros para vender computadores

Interessada em ampliar sua participação na venda de computadores para o consumidor final, a Dell anunciou ...

Veja mais
Venda trimestral do Wal-Mart sobe 6% nos EUA

A maior varejista do mundo, o Wal-Mart, divulgou lucro trimestral superior às expectativas do mercado, registrand...

Veja mais
Produtor de trigo leva propostas a Stephanes

Representantes da cadeia produtiva do trigo entregam hoje um documento com propostas de políticas para o setor ao...

Veja mais
Guarani irá aumentar produção de açúcar

A Açúcar Guarani deverá destinar 65% de seu mix de produção para o açúc...

Veja mais
Alta imprevista do café ameaça empresas que apostaram em queda

Uma alta inesperada do café, desencadeada pela redução da oferta, ameaça as norte-americanas...

Veja mais
Pague Menos

Carlos Henrique Queirós assumiu a recém-criada diretoria de expansão e novos negócios da red...

Veja mais
Nivea

Ricardo Basque assumiu a diretoria financeira da Nivea no Brasil. Ele substitui Miguel Ortega, que cumpriu o perí...

Veja mais
General Mills

Waldemar Thiago Junior é o novo diretor de marketing do grupo de alimentos General Mills, quinto maior do mundo n...

Veja mais