Outro fator que tem chamado a atenção dos empresários do setor é a valorização do dólar que aumenta competitividade dos produtos nacionais, mas eleva custo de importação do insumo
A variação do preço do petróleo e as incertezas com relação à cotação da commodity dificultam o planejamento das indústrias de embalagens plásticas flexíveis, dizem especialistas. O preço das resinas, principais insumos do setor, varia conforme o petróleo.
Desde o último trimestre do ano passado, a cotação do petróleo despencou no mercado internacional. Em setembro o barril do tipo Brent, referência de preço, era negociado por cerca de US$ 100. Em janeiro deste ano, esse preço chegou a ser de US$ 45. A cotação teve uma leve recuperação desde então e encontra-se no patamar entre US$ 50 e US$ 60.
O preço da Nafta acompanhou a tendência e também apresentou queda de US$ 900 a tonelada para US$ 350 a toneladas. O preço das principais resinas usadas pelo setor, como polietileno e polipropileno, também caíram. De acordo com os especialistas ouvidos pelo DCI, o problema é não saber qual a tendência dos preços, o que dificulta o planejamento de longo prazo das empresas.
Para o diretor de negócios de Polietileno da Braskem, Edison Terra, o cenário de preços do petróleo é de "difícil previsibilidade". Segundo ele, inúmeros fatores pressionam o preço da commodity para cima e para baixo e no momento é difícil saber qual das tendências irá prevalecer.
"De um lado, grandes produtores como a Arábia Saudita querem derrubar a cotação para desestimular os investimentos em outras fontes, como o shale gas (gás de xisto). Por outro lado, o barril cotado na casa dos US$ 50 inviabiliza quase 70% dos novos projetos de exploração de petróleo. Nesse momento é difícil saber qual das tendências irá prevalecer nos próximos anos", afirmou Terra.
A recente valorização do dólar é outro tema que tem atraído a atenção do setor. Segundo a sócia executiva da Consultoria Maxiquim, Solange Stumpf, o câmbio tem um efeito duplo sobre o segmento porque de um lado torna mais competitivo os produtos brasileiros ante os produtos importados. De outro lado, no entanto, o preço das resinas importadas sobe quando o dólar se valoriza o que aumenta o custo de produção da indústria.
"O preço das resinas sobe quando o dólar se valoriza, mas o câmbio também pode incentivar um aumento nas exportações da indústria brasileira", afirmou durante evento da Associação Brasileira de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief) realizadas na última sexta-feira (27) em São Paulo.
No ano passado, as importações de embalagens plásticas superam as exportações em 67 mil toneladas, alta de 4% no déficit ante o ano anterior.
Expansão
A produção de embalagens flexíveis sofreu um pouco com o desaquecimento da economia no ano passado e caiu 1% em relação a 2013 para 1.857 mil toneladas por ano. Para 2015, a expectativa da Maxiquim é de um aumento de 0,6%.
Na opinião de Solange, a indústria de embalagens sofre um pouco menos do que o resto da economia em momentos de baixo crescimento, uma vez que a produção é voltada principalmente para setores como alimentação, bebidas e higiene cujo consumo é o dos últimos a ser cortado pelas famílias. "Dentro de um cenário econômico adverso o segmento de embalagens tende a não sofrer menos porque é voltado para segmentos de consumo essenciais como alimentação", afirmou a executiva da Maxiquim.
Solange acredita que a demanda da indústria de bebidas por embalagens vai crescer 2,5% este ano, enquanto a de alimentos, 1,5%. O segmento agropecuário deve apresentar uma redução na demanda de cerca de 3%.
Crédito
Apesar do cenário de incertezas a economia, os especialistas acreditam que o momento também é propício para inovações e investimentos. Solange citou que com a crise hídrica empresas podem apostar, por exemplo, na produção de cisternas para o armazenamento de água. As empresas podem buscar crédito em bancos para financiar esses novos projetos.
O Banco Nacional de Desenvolvimento de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem uma linha exclusiva para a indústria do plástico. Segundo a gerente de Departamento da Indústria Química do banco, Sabrina Martinez, essa linha foi transformada em uma das prioritárias da estatal no ano passado para o setor industrial
"A empresas da cadeia de produção de plásticos são prioridade para o BNDES. Nosso foco é apoiar projetos de inovação, modernização, expansão e ampliação da capacidade produtividade e para estimular fusões e aquisições", afirmou Sabrina.
O valor mínimo de financiamento para micro, pequenas e médias empresas é de R$ 5 milhões, enquanto para os demais setores é de R$ 20 milhões. Para projetos de inovação, o valor mínimo de financiamento é menor, R$ 1 milhão, sendo que para as empresas de outros setores esse valor é de R$ 5 milhões. O prazo de pagamento do empréstimo é de até 10 com carência nos três primeiros.
"O banco não cobra taxa de remuneração para projetos de inovação no âmbito do Propláscito (programa BNDES para a indústria de plástico). Isso é uma forma de incentivar que as empresas busquem sempre inovar", afirmou.
As condições ofertadas têm o objetivo de "auxiliar a modernizar o parque industrial de transformados plásticos e contribuir para a melhoria do padrão de qualidade dos produtos nacionais. Dessa forma também é um dos objetivos reduzir o déficit na balança comercial do setor", afirmou a representante do banco estatal. O programa foi renovado pelo BNDES em 2013 e tem duração garantida até 2017.
Veículo: DCI