ALTA DE 1,32% - Custo da alimentação já compromete 43% do salário mínimo na Grande Belém
A cesta básica da Região Metropolitana de Belém (RMB) ficou 1,32% mais cara no mês passado, se comparado a janeiro, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese-PA). As pesquisas mostram que, enquanto no mês retrasado a alimentação básica do paraense, composta de doze itens, custou, em média, R$ 310,78 no mês passado, os mesmos produtos passaram a valer R$ 314,89, ou seja, a cesta básica agora compromete 43% do salário mínimo. Ainda de acordo com o Dieese-PA, considerando os indicadores de fevereiro, o custo da alimentação básica para uma família padrão paraense, composta de dois adultos e duas crianças, ficou em R$ 944,67, ou seja, seria necessário obter uma renda de 1,2 salário mínimo para garantir as necessidades básicas com alimentação do trabalhador e sua de família.
A alta generalizada de preços registrada nos alimentos da Grande Belém já era esperada, afirma o supervisor técnico do Dieese-PA, Roberto Sena. “Esta alavancada acontece pelo segundo mês consecutivo, e os fatores que justificam a elevação expressiva são conhecidos por todos. Além das questões sazonais, grande parte destes aumentos é em função, principalmente, dos reajustes absurdos que aconteceram e estão acontecendo nos combustíveis e na energia elétrica”, dispara. Sena destaca que a expansão de preços aconteceu na maioria das 18 capitais pesquisadas pelo Dieese-PA. “Assim como os aumentos da cesta básica alcançaram quase que todas as capitais, em Belém, praticamente todos os produtos tiveram seus preços reajustados para cima, com destaque para o feijão, que ficou 6,72% mais caro, e do arroz, com ascensão de 5,74% no custo”, calcula.
Sena diz que outros itens, como o tomate (5,19%), a banana (1,57%) e o café (1,09%) registraram elevações significativas em seus valores na virada de janeiro para fevereiro deste ano. “Por outro lado, alguns produtos apresentaram recuo de preços. Este foi o caso do leite (-4,38%), da manteiga (-1,92%) e da farinha de mandioca (-1,44%)”, diz. Ainda de acordo com os dados do Dieese-PA, no acumulado do ano, a cesta básica apresentou uma elevação de preços na ordem de 2,36%, sendo que, nestes dois primeiros meses, o feijão apresentou o maior reajuste (32%), seguido do arroz (7,28%); do tomate (6,02%); da banana (1,73%); do café (1,16%) e do pão (1,11%). No mesmo intervalo, alguns produtos da cesta básica apresentaram recuo de preços, como ocorreu com o leite (-11,53%), com o açúcar (-2,78%); com a farinha de mandioca (-1,91%) e com a manteiga (-1,29%).
Segundo o presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (Corecon-PA), Rosivaldo Batista, os aumentos no preço da cesta básica é resultado, sobretudo, do encarecimento no custo do frete. “Mais de 60% dos alimentos consumidos na Grande Belém são oriundos de outros estados. No caso dos hortigranjeiros, este percentual ultrapassa a casa dos 70%, ou seja, a maioria dos itens que abastece a mesa do paraense sofre incidência de valores quando os preços controlados, como energia elétrica, e, principalmente, os combustíveis, são reajustados na tabela”, explica. Ainda de acordo com o economista, nem as grandes redes varejistas, e, tampouco os pequenos comerciantes, conseguem segurar os preços com elevações consideráveis, como foi o caso da energia elétrica (quase 40% de aumento) e dos combustíveis (de 15% no diesel) nos últimos oito meses.
“A saída é comprar menos, mudar de hábito, principalmente no caso do feijão, que lá em casa é sagrado”, diz a dona de casa Suzana Gomes, de 48 anos. Ela afirma que o feijão, que era consumido diariamente em sua residência, passou a ser servido em dias alternados.
O aumento de preços provoca um efeito em cadeia, pois, com a redução no consumo, os comerciantes passam a ter prejuízos nas vendas. “O movimento ficou muito fraco, mesmo a gente não repassando a alta de preços por completo, afirma a feirante Francisca Pinto.
Veículo: O Liberal - PA