A semana passada foi de intensa, "quase louca", volatilidade na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Ice Futures) para o café arábica, que baliza a comercialização internacional da commodity. De acordo com relatório divulgado pela empresa de consultoria em agronegócio SAfras & Mercado, houve fortes descidas e uma grande subida na bolsa, e no final das contas o mercado fechou acumulando perdas na semana até o fechamento de quinta-feira passada
Se na semana anterior (encerrada em 27 de fevereiro), Nova Yorque fechou dando sinais de que tentaria romper a linha de US$ 1,40 a libra-peso, na semana passada os preços não só caíram abaixo disso como chegaram a ficar abaixo de US$ 1,30. Nesse movimento de queda, as cotações retraíram aos patamares mais baixos em 13 meses. E no dia seguinte o mercado reagiu tão fortemente que teve o maior ganho diário desde outubro de 2014.
Conforme Safras, no dia 2, Nova Yorque fechou com queda de 1,5% para maio, refletindo as informações de chuvas recentes benéficas às lavouras brasileiras e a valorização do dólar contra o real no país. Na terça-feira passada, um frenesi vendedor, ou uma avalanche na ponta vendedora (qualquer metáfora é válida), fez os preços despencarem 6,2% no fechamento no contrato maio, pelos mesmos motivos.
Logicamente, após tanta descida, o mercado ficou sobrevendido, e à mercê de movimentos de recuperação técnica, de compras "de barganha". O frenesi passou para o lado da compra e Nova Yorque subiu no fechamento 6% para maio.
Clima - Nos fundamentos, é fato que o clima melhorou nas regiões produtoras nessa reta final rumo à colheita da safra 2015. Mas, será uma produção prejudicada pelas condições desfavoráveis, com falta de chuvas, em 2014 e também no comecinho de 2015.
O dólar em alta, conforme Safras, superando os R$ 3,00, é um fator importante de pressão negativa na Bolsa de Nova Yorque para o arábica e em Londres para o robusta. Nesse quadro, aumenta a competitividade do Brasil nas exportações. Com um cenário de oferta tão justa em relação à demanda, qualquer informação do clima ou do câmbio tendem a causar saltos e quedas abruptas.
Em Nova York, no balanço semanal até a quinta-feira passada, o café arábica para maio caiu 3,9%, recuando de 140,50 centavos de dólar por libra-peso para 135,05 cents. Em Londres, o robusta caiu menos que NY. O contrato maio na Bolsa de Londres caiu 1,7% na semana, baixando de US$ 1.907 para US$ 1.875 a tonelada.
No Brasil, o mercado físico seguiu arrastado, com compradores e vendedores cautelosos diante de tanta volatilidade no câmbio e nas bolsas. A alta do dólar suavizou em muitos momentos as perdas externas nas bolsas. No balanço da semana, o café arábica bebida boa no Sul de Minas caiu de R$ 450,00 para R$ 430,00 a saca.
Seguindo o cenário externo, os preços do café se desvalorizaram no mercado físico brasileiro, que continuou retraído na semana passada. Na quinta-feira, os indicadores calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 428,64/saca e a R$ 296,04/saca, respectivamente, com variação de -0,8% e 1,8% no acumulado da semana.
Veículo: Diário do Comércio - MG