Objetivo é atingir mercados não tradicionais
Os estoques acumulados de café ajudarão no abastecimento do mercado, mas não indefinidamente/Alisson J. Silva
O Conselho Nacional do Café (CNC) voltou a defender que, no âmbito da Organização Internacioanl do Café (OIC), que sejam estimuladas discussões para a criação de iniciativa visando à promoção global do café, a qual inclui o desenvolvimento de estratégias de marketing para incrementar e fidelizar o consumo da bebida, principalmente nos mercados não tradicionais.
"Acreditamos que a organização é o fórum ideal para, em conjunto com outras nações produtoras, captarmos recursos para a construção de um plano eficiente de promoção, em nível mundial, dos benefícios do café para a saúde e sua interface com esportes e bem-estar", avaliou o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro.
O CNC também reforçou, junto à delegação brasileira que participou da 114ª Sessão do Conselho Internacional do Café da OIC, em Londres (Inglaterra), na semana passada, a necessidade de cautela na condução da política de cooperação internacional do país no que se refere à transferência de tecnologia.
"Entendemos que não devemos incentivar e facilitar a transferência dos conhecimentos tecnológicos e científicos desenvolvidos com o empenho de valiosos recursos da nação aos concorrentes, sob a pena de sofrermos as conseqüências do aumento da oferta desses países, ocasionando preços mais aviltados aos produtores", alertou Brasileiro.
De acordo com o CNC, um quadro de preços baixos retira a possibilidade de renda da pequena monocultura do café, desenvolvida em cerca de 196 mil estabelecimentos da agricultura familiar, distribuídos em 1.468 municípios brasileiros. "Em conseqüência, esses pequenos produtores apenas teriam como opção abandonar o campo, gerando inchaços e instabilidade social nas cidades, com elevada possibilidade de aumento da violência, dada a falta de empregos e infraestrutura", ressaltou Brasileiro.
Déficit - O chefe de Operações da OIC, Mauricio Galindo, apresentou, durante o encontro em Londres, o atual cenário do mercado mundial, destacando que, após duas temporadas consecutivas de excedente na oferta, em 2014/15 será registrado déficit, frente à produção global prognosticada em 142 milhões de sacas e ao consumo de 149 milhões de sacas.
Ele reportou que os estoques acumulados ajudarão no abastecimento do mercado, mas não indefinidamente, o que deve resultar em alta nos preços, haja vista que a demanda continua aquecida, especialmente nos mercados tradicionais, e há grande potencial de crescimento nos países emergentes e nos produtores.
Galindo explicou que a queda brusca dos preços ao longo de fevereiro ocorreu em função do retorno das chuvas no Brasil - ainda que não permitam a recuperação das perdas ocasionadas pelo grave cenário de falta d"água, altas temperaturas e déficit hídrico registrado em 2014 e janeiro de 2015 no país -, o que acelerou as vendas e fez as exportações mundiais somarem um volume recorde de cerca de 112 milhões de sacas.
Veículo: Diário do Comércio - MG