O plantio de grãos deste ano nos EUA poderá repetir o mesmo cenário de 2014. Ou seja, contrariar as estimativas iniciais do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos)
No mês passado, o órgão norte-americano estimou uma área de 33,8 milhões de hectares para a soja. Já o milho deverá atingir 36 milhões de hectares. Fernando Muraro, da AgRural, acredita que a relação mais favorável de preços para a soja, em relação ao milho, deverá fazer o agricultor dos EUA plantar pelo menos mais 1 milhão de hectares da oleaginosa neste ano.
A soja avançaria sobre a área do milho, que já é estimada menor do que a semeada em 2014, quando os produtores plantaram 36,7 milhões de hectares. Muraro diz que o preço médio da soja de US$ 9,73 por bushel no mês passado, para o contrato de novembro deste ano na Bolsa de Chicago, indica ganho em relação aos custos de produção.
O mesmo não ocorre com o milho, cujo preço médio de negociação em fevereiro --para o contrato de dezembro-- foi de US$ 4,15 por bushel. Esse valor aponta para ligeira perda em relação aos custos. Os produtores tomam como base de plantio a relação desses dois preços futuros, que, neste ano, está em 2,34 (US$ 9,73 divididos por US$ 4,15). No ano passado, a relação estava em 2,46.
Toda vez que o preço da soja tem uma relação superior a 2, os produtores optam pela oleaginosa. Além da questão financeira, Muraro destaca o fator climático neste ano. Se o clima permanecer frio em abril, como está nos Estados Unidos, o produtor vai ter dificuldade para semear o milho e pode perder o tempo hábil.
Esse seria mais um motivo para os produtores norte-americanos elevarem a área de soja. Foi o que ocorreu no ano passado. O Usda estimou um área de 32,2 milhões de hectares para a soja. A área efetiva foi, no entanto, de 33,9 milhões. A relação de preço de 2,46 para soja, em relação ao milho, e problemas climáticos puxaram os agricultores para a oleaginosa no ano passado.
A maior área de soja nos Estados Unidos é uma preocupação para o produtor brasileiro, que termina o plantio quando os norte-americanos já estão em fase de colheita. Uma oferta ainda maior da oleaginosa vai manter os preços deprimidos na Bolsa de Chicago, base referencial dos preços internacionais.
Se os Estados Unidos voltarem a produzir acima de 100 milhões de toneladas, como na safra 2014/15, os estoques mundiais serão ainda maiores. Os estoques de soja de 2014/15 são suficientes para 113 dias de consumo, diz a AgRural. No ano passado, eram suficientes para 89 dias, de acordo com a consultoria.
Veículo: Folha de S. Paulo