Colheita mecanizada já supera 84% da área de cana plantada em São Paulo

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Percentual que ainda faz trabalho manual corresponde, principalmente, a solos com declividade ou lavouras menores que 150 hectares; tendência é que o plantio aconteça só em regiões planas

 



Um levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA) constatou que a colheita de 84,8% de toda a cana-de-açúcar plantada em São Paulo é mecanizada. O valor só não chegou à totalidade porque considera as áreas em que máquinas não entram, regiões com inclinação no solo onde a tendência é a migração para outras culturas.

As chamadas áreas mecanizáveis são superiores a 150 hectares e com declividade (inclinação) abaixo de 12%. Segundo o presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha, "a informação que temos para estas regiões é que se a mecanização não atingiu 100%, está muito próximo de atingir".

Já nas áreas consideradas não mecanizáveis a situação é contrária, o solo é caracterizado pela declividade superior a 12% ou com menos de 150 hectares. Estas regiões menores geralmente pertencem a fornecedores de cana.

Estudo


O pesquisador científico do IEA e coordenador do projeto, Carlos Eduardo Fredo, explica que as análises em São Paulo começaram a ser feitas em 2007, quando apenas 41,7% das áreas eram mecanizadas. O último dado, referente a safra 2013/2014, mostra que este percentual mais que dobrou.

"Não temos dados estatísticos, mas tudo leva a crer que os 15,2% restantes representam áreas não mecanizáveis. Além de serem propriedades pequenas e com inclinação no solo, o custo para aquisição das máquinas ainda é um entrave na chegada deste percentual à totalidade", explica o especialista.

O estudo destaca municípios como Araçatuba, Andradina, Assis e Lins, que já ultrapassaram 90% no índice de mecanização. Outros como Piracicaba apresentam os problemas referidos em relação a característica do solo.

O avanço neste tipo de tecnologia agrícola vai em linha com duas metas estabelecidas para o setor sucroenergético em São Paulo: a Lei 11.241/2002, que prevê a erradicação da queima da cana-de-açúcar em áreas mecanizáveis para 2021 e em regiões não mecanizáveis para 2031; e o Protocolo Agroambiental de 2007, diretivas técnicas que adiantam os prazos anteriores para os anos de 2014 e 2016, respectivamente.

Migração


Considerando as dificuldades e até a impossibilidade do uso de colheitadeiras em solos irregulares, a tendência é que os produtores deixem de plantar a cana nestas áreas.

"Pelo que vejo nas usinas da região, os agricultores estão migrando o plantio destes morros para áreas planas. A tendência é zerar a ocupação de cana-de-açúcar nestes locais, a menos que inventem uma máquina que colha no morro", conta o assessor da Usina Santa Cruz, João Pereira, da cidade de Araçatuba (SP).

"Não só em São Paulo, mas em todo o Brasil, com foco no Centro-Sul, deve haver uma migração da cana em áreas não mecanizáveis para outras culturas. Outras dificuldades foram impostas a quem faz a queima, ninguém mais quer fazer. Vale lembrar que nos estados de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, o problema é menor pois as planícies são características", acrescenta André Rocha.

Neste cenário, o pesquisador do IEA ressalta que só entre as temporadas de 2012/2013 e 2013/2014 a quantidade de cortadores de cana teve redução de 18 mil.

Produção


As usinas do Centro-Sul processaram 570,78 mil toneladas de cana-de-açúcar na segunda quinzena de fevereiro, volume 4,26% menor na comparação com as 596,18 mil observadas em igual período do ano passado. No acumulado do ciclo 2014/2015, iniciado em abril de 2014, o processamento é 4% menor, com 571,07 milhões de toneladas, ante 596,18 milhões em 2013/14. Os dados foram divulgados ontem pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).



Veículo: DCI


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