De acordo com especialistas, o crescimento econômico do país vizinho também deve continuar atraindo investimentos estrangeiros; vendas externas do Brasil ao Paraguai tiveram alta de 9%
Com a expectativa de crescimento da economia do Paraguai em 2015, a tendência é que os investimentos e as exportações brasileiras para a região continuem em alta, afirmam especialistas. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as nossas vendas externas ao Paraguai cresceram 39,3% nos últimos cinco anos, e passaram de uma receita de US$ 3,159 bilhões, em 2010, para US$ 4,403 bilhões, em 2014.
No ano passado, as exportações nacionais ao país vizinho expandiram 9% ante 2013, ano em que as vendas externas somaram cerca de US$ 4,036 bilhões. Dentre as principais mercadorias que o Brasil vende ao Paraguai estão adubos e fertilizantes, cerveja malte, ladrilhos de cerâmica, vidrados e esmaltados, tratores, veículos, entre outros.
Já a soja, carne e milho são os produtos mais relevantes na pauta exportadora paraguaia ao País.
O Banco Central do Paraguai (BCP) prevê que o Produto Interno do país deva ter expansão de 4,5% em 2015. Uma das economias de maior crescimento na América do Sul, ao lado da Colômbia, Peru e Chile, o PIB paraguaio teve alta de 5,8% no quarto trimestre de 2014, uma aceleração ante o trimestre anterior, quando a atividade econômica subiu 4,4%, como informa o BCP. Em 2013, a economia paraguaia chegou a expandir 14,2%. Para o professor de relações internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Marcus Vinicius de Freitas, não somente o ritmo de crescimento do Paraguai, como também a alta do dólar frente ao real e o baixo crescimento interno irão favorecer as exportações brasileiras ao Paraguai.
Além disso, o sócio da GO Associados, o embaixador Regis Arslanian, pontua que o Brasil poderia aproveitar este momento para integrar a produção de algumas indústrias, já que o país vizinho oferece segurança jurídica às empresas internacionais, bem como baixos impostos e menores custos trabalhistas. Cenário que tem atraído muitas companhias para a região sul-americana.
"Ao invés de importamos autopeças da Europa para a nossa indústria automotiva, por exemplo, poderíamos produzir no Paraguai e trazer ao Brasil com tarifa zero. Essa é uma das vantagens de atuação no Mercosul", ressalta.
Devido ao ambiente favorável aos investimentos, a tendência é que ocorra uma atração cada vez maior de companhias estrangeiras para a região. Uma das empresas nacionais que atuam no Paraguai são o grupo JBS-Friboi.
Estabilidade
Freitas explica que alguns dos elementos responsáveis pelo crescimento paraguaio foram a melhora nos processos de exportação e importação e na gestão pública.
O BCP afirma que a previsão do PIB para 2015 é otimista, apesar da situação econômica ruim da Argentina e do Brasil que, necessariamente se repercute em alguns setores da economia paraguaia, como a importação e o comércio fronteiriço. Contudo, asseguram que a economia do Paraguai "tem um dos fundamentos domésticos muito sólidos e isso permitirá que este ano siga com seu bom desempenho econômico", diz o BCP.
Contrabando
Autoridades brasileiras e paraguaias também têm atuado para reduzir o contrabando na fronteira entre os dois países. Desde julho do ano passado, uma medida do governo brasileiro diminuiu a cota de compras para turistas brasileiros que entram no país por via terrestre para US$ 150 dólares por pessoa, ante US$ 300 dólares.
Para Arslanian, será muito difícil acabar com o contrabando na fronteira. No entanto, é possível implementar medidas que mitiguem a situação, como o maior controle na cobrança de impostos. Ele conta que a comercialização de cigarros corresponde a 70% do contrabando na fronteira. "Somente com o maior controle tributários da venda de cigarros já seria possível elevar bastante a receita dos dois países", finaliza o embaixador.
Veículo: DCI