Para terem sucesso no Rio Grande do Sul as marcas precisam se identificar com os símbolos do povo. Caso contrário, a aproximação é lenta, difícil, quase impossível. O fato de o Rio Grande do Sul ter grande apego à tradição e aos seus costumes já é consenso, mas o extremo bairrismo também em relação ao consumo, ficou mais evidente a partir de pesquisa recém-divulgada pela consultoria Nielsen e que foi matéria de destaque na Revista Veja de 11 de fevereiro.
Segundo a pesquisa, a preferência pelas marcas regionais é tão forte nos pampas, que ultrapassa as classes C e D, que tem este perfil nos demais estados. Aqui, as classes A e B também preferem as marcas regionais e consomem 31% dos bens não-duráveis fabricados na região, o que significa quase o dobro da média nacional.
Sociólogos, antropólogos e especialistas na cultura gaúcha estudam o nosso homem e suas origens tentando decifrar este caráter único do nosso povo. Entretanto, grande parte desta característica vem das raízes deste Estado, que carrega consigo as memórias da Revolução Farroupilha e em nossos dias procura ganhar mercados nacionais e internacionais mantendo-se fiel às suas tradições. Com este perfil, as empresas que desejam conquistar mercado no Estado têm necessariamente que buscar uma sólida identificação com quem consome e nisto o chimarrão, o gaúcho pilchado e o Grêmio e o Inter são poderosos aliados.
A marca é um bem extremamente forte, capaz de produzir desejos e fazer com que as pessoas fiquem apegadas de forma muito intensa a ela. Esse símbolo, que pode representar uma companhia, um produto, um serviço, é, acima de tudo, um conjunto de percepções intangíveis que traduzem os valores essenciais de uma organização. No Rio Grande do Sul, entretanto, parece que uma marca sobrepuja todas as demais. Esta marca é a do Rio Grande, que traduz os valores deste Estado independente, altivo, questionador, amigável e idealista.
Veículo: Jornal do Comércio - RS