Venda direta "usa" crise para faturar R$ 20 bi

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O setor de vendas diretas tem demonstrado fôlego na contramão da crise mundial -- que chega a lhe ser favorável em alguns pontos. O setor cresceu 14% e movimentou R$ 18,5 bilhões ano passado, com 2 milhões de revendedores. A aposta este ano é faturar R$ 20 bilhões e expandir os negócios, na opinião de marcas de peso como Amway , que vai aumentar seu poll de produtos e investir US$ 100 milhões para dobrar o faturamento na América do Sul até 2012 - em especial no Brasil. Outro caso é o da Avon, que detém mais de 1 milhão de revendedores e investirá em um centro de distribuição. A mais nova marca do mercado, a Jequiti/Hidrogem, do Grupo Silvio Santos, acaba de fechar contratos na China para colocar no mercado brasileiro, a partir de maio, um catálogo de itens para o lar.

 

A crise tem impacto menor em vendas diretas do que em outros setores, entre outros motivos, porque nos períodos de turbulência, como o atual, aumenta o número de pessoas que perdem o emprego. Uma parte delas opta pela venda direta, seja para ter alguma renda, seja para complementar seus ganhos.

 

Por isso, as empresas que trabalham no segmento seguem tão otimistas e continuam apostando em várias inovações para crescer este ano. O diretor-geral da divisão de cosmético da Hidrogem/Jequiti, Lásaro do Carmo Júnior, por exemplo, voltou há duas semanas da China e disse ter fechado contratos para iniciar por lá uma linha de produção de não-cosméticos (itens voltados para casa). "Vamos produzir lá porque encontramos qualidade e preço é bons Marcas como Nike e Dolce & Gabbana estão lá."

 

Com a nova linha, o ramo de cosméticos criado pelo Grupo Silvio Santos (são 37 empresas no total) tem a pretensão de dobrar de tamanho este ano e faturar R$ 180 milhões.

 

"Com a ajuda da TV, com programas como Roda Roda Jequiti apresentado por Silvio Santos (em seu canal de televisão SBT), queremos crescer mais que os 135% do ano passado. Somente em janeiro crescemos 20% acima do esperado para esta época", disse Lásaro Júnior, que foi diretor comercial da Natura na Argentina antes de trabalhar na empresa do Grupo Silvio Santos.

 

Para ele, a ambição do grupo é fazer com que um pedido médio, cujo tiquete é R$ 280, passe a ser igual ao da Natura - R$ 600. "A linha de cosméticos chegará a quase 400 produtos este ano, ante 235 do ano passado. Agora entraremos com a linha de não cosméticos, entre 150 e 200 produtos para testar o mercado."

 

O executivo revela que, hoje, são 58 mil revendedores na companhia, ante 19 mil em janeiro de 2008. "Serão 110 mil até o fim do ano. São mais de 10 mil cadastros a cada 21 dias (ciclo de vendas do produto). Para atrair esses revendedores daremos benefícios como Tele Sena, vale-saúde e vale-desconto de até 80% nas consultas médicas e laboratório."

 

Expansão

 

Considerada líder do mercado, a Avon investirá este ano US$ 150 milhões em um novo centro de distribuição na cidade de Cabreúva (interior de São Paulo), que entra em operação em 2011.

 

"No mundo, temos 5,8 milhões de revendedoras. Somente o Brasil tem mais de 1 milhão e este número cresce", explica Ricardo Patrocínio, diretor de Marketing da Avon no Brasil.

 

Segundo a empresa, que tem sede nos Estados Unidos, a companhia encerrou 2008 com receita bruta recorde de US$ 10,7 bilhões.

 

O número de revendedoras, na América do Sul, cresceu 2%, e o volume de unidades vendidas aumentou 3%. Patrocínio ressalta a liderança da marca no varejo de cosméticos e diz que no Brasil, "de cada dois produtos anti-idade vendidos, um é da Avon. E de cada três batons, dois são nossos. A empresa investe grandes cifras em mídia. Para se ter uma ideia, nós tivemos quatro semanas de campanha na TV, tanto para chamar mais revendedoras, como para reforçar a marca".

 

Amway

 

Concorrendo em faturamento com a Avon e disputando o público masculino, de itens de saúde e cosméticos, a Amway, segundo seu presidente André Raduan, vai investir até 2012, US$ 100 milhões na América do Sul, em busca de vendas em novas praças. "O faturamento mundial da marca cresce quase 30% ao ano, desde 2007 e fechou 2008 com US$ 7,9 bilhões, ante US$ 10,7 bi da Avon. Até dezembro do ano passado, a empresa cresceu 190%", destaca. "O faturamento na América do Sul é menos de 5% do total. A meta é que, até 2012, seja 10%." Ele explica que os investimentos no Brasil vão desde estudos para tamanhos de embalagens e cores.

 

Segundo o presidente, o crescimento no ano passado foi 22%. "Em janeiro último chegamos a 26% de crescimento e as vendas estão bem. O número de novos distribuidores aumentou muito. Em janeiro foram 36% mais vendedores que 2008". . A empresa tem 50 mil vendedores (40% se concentra no Estado de São Paulo, 11% em Minas Gerais e Rio de Janeiro). Outra estratégia é abrir showrooms, em julho, na região da Rua Augusta, em São Paulo, e também no Rio de Janeiro, com mais duas unidades.

 

Revendedores

 

O setor de vendas diretas fechou o ano com faturamento de R$ 18,5 bilhões. Nos últimos 12 meses, foram vendidos mais de 1,5 bilhão de itens, um crescimento de 11,3%. Todo este sucesso, segundo, Lírio Cipriani, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (Abevd) deve-se a revendedoras trabalharem com várias marcas. "Na Bahia encontrei mulheres que representavam até 7 marcas."

 

Veículo: DCI


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