Indústria ainda vê crescimento de vendas de roupas esportivas

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Perspectiva. Fabricantes de moda fitness notaram impacto da desaceleração da economia nas encomendas, mas acreditam em resultado positivo no ano. Moda praia aposta em plus size

 



São Paulo - A preocupação dos brasileiros com a saúde está ajudando a alavancar as vendas de roupas esportivas. Apesar da desaceleração da economia, executivos ouvidos pelo DCI apostam na expansão das vendas internas em 2015.

Para manter o ritmo de crescimento dos últimos anos, entretanto, as fabricantes de roupa esportiva (fitness) estão investindo mais em tecidos funcionais e redução de custos.

"Esse mercado ainda está em franco crescimento com o novo comportamento do brasileiro em relação à saúde e a realização de eventos esportivos no País, mas este ano já percebemos o consumidor mais seletivo", explica a diretora comercial e de marketing da Lupo, Carolina Pires.

A fabricante, uma das maiores no segmento de moda íntima no País, viu o faturamento com a linha fitness avançar de 25% a 30% nos últimos anos. Para 2015, a expectativa é manter a mesma taxa de crescimento, somando R$ 65 milhões. "Este ano aumentamos a produtividade para compensar a alta nos custos e repassar o mínimo para o preço, sem perder competitividade", conta Carolina. Ela não revela de quanto foi o reajuste nos preços aplicado este ano, mas garante que ficou em linha com anos anteriores.

Na avaliação da executiva, a tecnologia atrelada aos produtos tem ajudado a manter as vendas. "Quando o consumidor vê valor agregado com tecnologia no produto, ele absorve com mais facilidade a alta no preço", observa ela. A tendência para os próximos anos, segundo Carolina, continua sendo roupas que oferecem design e funcionalidade ao consumidor.

Para o sócio diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), Marcelo Prado, a roupa de performance, com tecido tecnológico, ainda é a principal característica desses produtos, mesmo quando o consumidor não usa a roupa na prática de uma atividade física.

A paulista Plié também aposta na tendência para continuar crescendo no segmento esportivo. "Nosso produto é muito tecnológico, porque investimos sempre em inovação, o que nos dá vantagem competitiva", destaca a gerente de marketing, exportação e produto da empresa, Elemar de Souza Cruz.

Apesar da alta nas vendas, a gerente da Plié pondera que o segmento ainda tem pouca participação no total de vendas da empresa. "Começamos com a linha fitness para atender a pedidos dos consumidores da marca, mas não é o nosso foco nesse momento. Só que tem muito potencial para crescer", avalia a executiva.

As vendas este ano, entretanto, devem avançar em ritmo mais fraco, reflexo do cenário econômico. "A expectativa é crescer em relação a 2014 ou pelo menos atingir o mesmo volume", diz.

Na Zero Açúcar o volume de vendas também deve sofrer impacto da desaceleração da economia. "Esperamos no mínimo manter o volume do ano passado e no máximo crescer 15% em volume", revela a gerente de produtos da fabricante, Marize Vanzin. No ano passado, as vendas avançaram mais de 20% em volume. Ela observa que neste ano o tempo prazo das encomendas caiu. O movimento é atribuído a cautela dos varejistas, que têm evitado estoques.

"Antes as grandes redes de varejo de moda encomendavam as peças com até seis meses de antecedência e agora elas têm feito pedidos mês a mês".

Segundo ela, o que tem ajudado a compensar esse recuo é a venda dos produtos da marca própria da fabricante. "Como temos produtos de diferentes linhas, desde os mais básicos aos mais elaborados, conseguimos atingir consumidores de diferentes faixas etárias e poder aquisitivo. Assim, mesmo que a venda dos itens mais baratos recue, a linha de maior valor agregado continua vendendo bem", explica Marize.

Moda praia

Com estratégia oposta, a marca de moda praia, Belle Plage, optou pela segmentação para ganhar espaço no mercado. Diferente do segmento fitness, a moda praia tem concorrência ainda mais acirrada, por ser uma categoria já estabelecida.

"Resolvemos explorar o nicho plus size, no qual a concorrência menor e há demanda que hoje não é atendida", conta uma das sócias da empresa, Maria Augusta Angelotti.

Com produção que varia de 12 a 15 mil peças por ano, a Belle Plage tem como meta ampliar o faturamento em até 30% nos próximos cinco anos. Este ano, a expansão será um pouco menor, com alta de 22%.

Exportação

Maria Augusta lembra que a exportação também deve contribuir para a expansão prevista nos próximos anos. "Será preciso adaptar alguns produtos, mas estamos avaliando o mercado e devemos começar a exportar os produtos este ano."

Marcelo Prado, do Iemi, pondera que, embora a moda praia brasileira tenha apelo em outros países, é preciso mudar a estratégia de exportação para ganhar relevância no mercado.

"O Brasil transforma pouco desse apelo em negócios efetivos. É preciso pensar em estratégias que não dependam apenas do patamar de câmbio. Explorando uma identidade própria, as fabricantes de moda praia têm chance de ganhar espaço", avalia o consultor.



Veículo: Jornal DCI


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