Fábricas de Nova Serrana, na região Centro-Oeste de Minas, registraram queda de 50% no volume médio de pedidos
Com uma queda de 50% no volume médio de pedidos, as empresas do polo calçadista de Nova Serrana, na região Centro-Oeste do Estado, já dispensaram cerca de 500 trabalhadores nos últimos meses. Além disso, as fábricas do Arranjo Produtivo Local (APL) estão concedendo férias coletivas para ajustar a produção à demanda.
As informações são do presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Pedro Gomes da Silva. Conforme ele, houve uma reversão do cenário registrado no início deste ano, quando o polo calçadista conseguiu manter as vendas no ritmo registrado no exercício passado.
Porém, a crise econômica brasileira acertou em cheio o APL de Nova Serrana nos últimos meses. Segundo ele, a média de encomendas caiu pela metade e forçou uma redução no ritmo da atividade na região.
Algumas fábricas paralisaram a produção e concederam férias coletivas aos funcionários. Já aquelas empresas que mantiveram a atividade estão operando com aproximadamente metade da capacidade instalada.
Gomes alerta que se não for registrada um melhora neste cenário novas dispensas de trabalhadores poderão acontecer. "O risco é muito grande", afirma, lembrando que o polo calçadista é responsável por aproximadamente 20 mil postos de trabalho.
Além da queda na demanda, as empresas de Nova Serrana convivem com o aumento nos custos produtivos. Segundo o presidente do sindicato, o encarecimento da energia representa um dos principais impactos nas despesas operacionais.
Em 2015, o setor industrial vem registrando um aumento expressivo no custo com a energia elétrica. Com a revisão tarifária extraordinária, que passou a vigorar no início de março, o custo do insumo para a indústria subiu em média 23,4% no Brasil.
Além disso, desde janeiro estão em vigor as bandeiras tarifárias, que incluem o custo mensal de geração de energia nas tarifas. Somente nesse caso, houve alta média de 10,14%, sendo 13,61% para o setor industrial e 7,49% para o residencial.
Tributos - Outro problema apontado por Gomes está relacionado ao Regime Tributário Especial (RET). Conforme ele, o governo vem cobrando das empresas do polo calçadista o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre os estoques de matérias-primas existentes nas fábricas na mudança do regime, em 2012.
As empresas alegam que foram avisadas somente em 2012 da necessidade de recolher o tributo. Gomes lembra que os impactos serão significativos caso as fábricas tenham que arcar com o tributo agora.
O APL reúne ao todo cerca de 1,2 mil empresas calçadistas em 12 municípios do Centro-Oeste mineiro: Nova Serrana, Bom Despacho, Pitangui, Divinópolis, Leandro Ferreira, São Gonçalo do Pará, Perdigão, Araújo, Pará de Minas, Conceição do Pará, Igaratinga e Onça do Pitangui, que produzem cerca de 100 milhões de pares ao ano.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG