As fabricantes petroquímicas, que produzem as matérias-primas utilizadas pela indústria do plástico, começam a ver uma luz no fim do túnel.
Depois de desativarem fábricas no fim do ano passado, em razão da forte desaceleração econômica, as empresas voltaram a acionar suas unidades e a operar a produção com ocupação acima de 90% de suas capacidades industriais - praticamente o mesmo nível anterior à crise econômica.
"Voltamos a operar normalmente e a retomada pós-dezembro se deveu principalmente à exportação", disse o presidente da Quattor, Vítor Mallmann. Segundo o executivo da segunda maior petroquímica brasileira, a desvalorização do real frente ao dólar deu à companhia maior competitividade, permitindo elevar o volume de exportação. "Logramos êxito em alcançar mercados que antes não estávamos acessando", disse.
A Quattor fez uma parada programada de manutenção entre agosto e novembro, que coincidiu com o advento da crise. Depois paralisou duas fábricas de produção de polipropileno, que voltaram a operar em novembro. Ela aumentou o volume de suas vendas externas para 40% do total produzido, ante um terço antes da crise. A volta da produção além dos 90% da capacidade também está relacionada à decisão estratégica de tornar as fábricas mais competitivas. "Vamos agregar maior valor por tonelada", disse Mallmann.
"Temos conseguido boas oportunidades de colocar nossa produção no exterior, principalmente na Ásia e América Latina", disse Manoel Carnaúba, vice-presidente de petroquímicos básicos da Braskem, maior empresa do setor no país. A petroquímica, que é controlada pelo grupo Odebrecht, tem vendido mais no mercado externo, que hoje já representa mais de 35% do seu volume de produção, ante um quarto antes da crise.
No entanto, em razão da queda brusca no preço do petróleo e seus derivados, que chegou a ser cotado quase a US$ 150 o barril e hoje custa menos de um terço disso, o faturamento obtidos pelas empresas na venda de seus produtos tem sido muito menor.
A demanda pelas resinas plásticas fabricadas tanto por Quattor como Braskem tiveram em outubro do ano passado o melhor resultado do ano, mas a freada brusca da atividade fez do mês de dezembro o pior do ano em consumo do produto. Em toda a cadeia petroquímica, houve redução dos pedidos da indústria e acúmulo de estoques. As petroquímicas decidiram suspender suas fábricas de modo a regularizar a produção na cadeia. A Braskem desligou duas unidades de petroquímicos básicos - uma em Camaçari (BA) e outra em Triunfo (RS) - além de unidade de produção de polietileno. Até o dia 20 de fevereiro, essas unidades tiveram toda a sua produção retomada.
Segundo Carnaúba, a demanda interna voltou, mas ainda é cedo para saber se se trata de um movimento relacionado à regularização dos estoques ou um aumento do consumo. Segundo Mallmann, a expectativa é que o prazo de três meses seja suficiente para a regularização do nível de estoques. "O pior no mercado interno parece ter passado, mas ainda existe muita volatilidade externa", disse.
Veículo: Valor Econômico