Cenário de crise financeira exige maior competitividade de preços, serviços e campanhas promocionais.
Em um cenário de crise financeira, marcado pela retração no consumo, o setor supermercadista - apesar de menos atingido - deve ficar mais atento para não perder a fidelidade do consumidor e manter estoques menores. Segundo o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, o maior desafio para 2009 é garantir que o cliente continue comprando com freqüência. "Temos que derrubar o perfil de consumidor infiel, típico do momento econômico. Mais do que nunca, ele precisa vir e voltar", afirmou.
Segundo ele, para garantir o crescimento previsto de 3% em 2009 na comparação com 2008, os supermercados devem competir mais nos preços, buscar melhores serviços e apostar em campanhas promocionais. "Com medo da crise, o consumidor está questionando seus gastos e, por isso, o empresário deve se envolver ainda mais para fidelizar o cliente, garantindo receita hoje e nos próximos meses", disse.
Páscoa - Conforme o superintendente, março representa o começo da arrancada. As vendas focadas no período da Páscoa devem crescer de 5% a 8% em relação ao mesmo período de 2008, segundo Rodrigues. "Quem perceber que campanhas e melhores serviços irão atrair o consumidor, terá um 2009 de bons resultados", ressaltou.
Segundo ele, a proximidade com fornecedores será outro diferencial no ano. Rodrigues explicou que os produtos que não estão vendendo devem ser avaliados pelos dois lados (loja e fornecedor). "O que não está vendendo? Essa pergunta deve ser feita e as duas partes precisam traçar uma solução rápida, que será interessante para ambas", disse.
De acordo com a gerente de marketing do supermercado Irmãos Bretas Filhos e Companhia Ltda, Lastênia Duarte, o momento é de trabalhar com muito cuidado, sem fazer dívidas. Porém, segundo ela, a demanda continua aquecida e a crise ainda não atingiu os negócios da rede. Por outro lado, ela disse que é preciso manter um estoque pequeno. "A prática de não fazer muito estoque é comum em supermercado grande", ponderou.
Para a gerente, o Bretas está aguardando os desdobramentos do cenário econômico para dar início à abertura de novas lojas. Mesmo assim, ela afirmou que, por enquanto, a crise financeira não foi percebida nas vendas do grupo. Na mesma linha, para o executivo de marketing do Supernosso, Antônio Celso Azevedo, o desaquecimento econômico também não chegou no setor.
Importados - Segundo ele, nem mesmo a valorização do dólar, que dificultou a importação, prejudicou o supermercado. Isso porque, explicou, a empresa trabalha com fornecedores externos exclusivos. "O câmbio oscilou, mas o repasse de preço foi muito pequeno, pois asseguramos reajustes. Por termos produtos exclusivos, conseguimos negociar melhor com distribuidores", explicou.
Conforme Azevedo, a abertura de novas lojas está mantida no primeiro semestre e o consumidor continua com boa procura. "O segmento de alimentos foi pouco afetado e, mesmo com o desaquecimento econômico, vamos superar qualquer expectativa", disse. Segundo o executivo, o Supernosso vendeu 20% a mais em 2008 na comparação com 2007. Para este ano, a previsão é de 15% de expansão em relação ao ano passado.
Apesar da crise global, o ano começou positivo, de acordo com Rodrigues. Em janeiro, os supermercados de Minas venderam 4% a mais do que o mesmo mês de 2008. Para 2009, o setor deve investir R$ 130 milhões. A previsão é de 25 novas lojas e 30 reformas no Estado. Mais 5 mil empregos serão gerados, totalizando 125 mil trabalhadores. O faturamento deve atingir R$ 12,36 bilhões no ano.
Veículo: Diário do Comércio - MG